A grande besteira de Weintraub, o ministro da Educação de Bolsonaro
Texto escrito por José de Souza Castro:
Neste festival de besteiras que assola o país – esse outro Febeapá inspirado na genial criação de Stanislaw Ponte Preta durante a ditadura militar – nada me espantou mais, até agora, do que a revelação de que o novo ministro da Educação, Abraham Weintraub, plagiou um discurso dos nazistas em 1930, trocando apenas a palavra “judeus” por “comunistas”.
A descoberta do alemão Gerd Wenzel, atual comentarista da ESPN Brasil e colunista da Deutsche Welle, torna menos incrível que os donos dos bancos, das grandes empresas e da imprensa no Brasil sejam comunistas, como afirmou Weintraub numa palestra para direitistas brasileiros, no ano passado.
O que escreveu Wenzel – e que pode ser lido aqui e aqui – está a exigir uma explicação do ministro da Educação.
Enquanto Weintraub quebra a cabeça para se explicar (e se cala), fica valendo o que está escrito no link indicado. O que ele disse, na tal palestra:
“… Os comunistas são o topo do país. Eles são o topo das organizações financeiras; eles são os donos dos jornais; eles são os donos das grandes empresas; eles são os donos dos monopólios…”
O que diziam os nazistas em 1930:
“… Os judeus são o topo do país. Eles são o topo das organizações financeiras; eles são os donos dos jornais; eles são os donos das grandes empresas; eles são os donos dos monopólios…”
Ao que parece, o ministro da Educação do Brasil vem de uma família judia de origem alemã. A troca de judeus por comunistas pode ter um significado para Weintraub, incompreensível para outros seres pensantes.
Em quase meio século acompanhando com grande interesse a imprensa brasileira, nunca encontrei por aqui um dono de jornal, revista, rádio e televisão que se declare comunista – ou que seja considerado como tal. Muito menos banqueiros e grandes empresários.
É muita besteira, a desse Weintraub…
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Cristina Moreno de Castro Ver tudo
Mineira de Beagá, jornalista, blogueira, poeta, blueseira, atleticana, otimista, aprendendo a ser mãe. Redes: www.facebook.com/blogdakikacastro, twitter.com/kikacastro www.goodreads.com/kikacastro. Mais blog: http://www.otempo.com.br/blogs/19.180341 e http://www.brasilpost.com.br/cristina-moreno-de-castro
O que fazer diante de tantas besteiras? Eliane Brum, num excelente artigo no El País Brasil ( https://brasil.elpais.com/brasil/2019/04/10/opinion/1554907780_837463.html ) tem uma solução: rir. Aí o final do artigo:
“Vamos rir juntos dos perversos que nos governam. Vamos responder ao seu ódio com riso. Vamos responder à tentativa de controle dos nossos corpos exercendo a autonomia com os nossos corpos. Vamos libertar as palavras fazendo poesia. Como escrevi tantas vezes aqui: vamos rir por desaforo. E amar livremente.
Rir despudoradamente diante de suas metralhadoras de perdigotos. O ódio não é para nós, o ódio é para os fracos. Vamos afrontá-los denunciando o ridículo do que são. Vamos praticar a desobediência às regras que não criamos. Temos que desobedecer a esse desgoverno. É assim que se quebra o jugo dos perversos. Levando-os suficientemente a sério para não levá-los a sério.
E temos que começar a imaginar o futuro. É assim que o futuro começa, sendo imaginado. Ninguém consegue viver num presente sem futuro. Mas é impossível controlar quem é capaz de imaginar depois que já começou a imaginar. A imaginação é a melhor companheira do riso.
Sim, ninguém solta a mão de ninguém. Mas não vamos ficar segurando as mãos uns dos outros paralisados e em pânico. Vamos rir e criar futuro. Juntos. Lembrem-se que “a alegria é a prova dos nove”. Nos cem dias que já dura o domínio oficial dos perversos, foi o Carnaval quem mais desafiou o exercício autoritário do poder. Pela alegria, pela sátira, pelo riso, pelos corpos nas ruas.
Não há lei que nos obrigue a obedecer a um Governo de perversos. Desobedeçam aos senhores do ódio. Os próximos cem dias – e todos os outros que virão – precisam voltar a nos pertencer.”
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