Texto de José de Souza Castro:
Abro nesta terça-feira de primavera, sol brilhando lá fora, o jornal “Hoje em Dia” e me surpreendo, nas páginas 6 e 7, com um anúncio do governo de Minas, nas cores cinza, preto e azul, com predomínio desta última. O título corre pelas duas páginas: “Governo de Minas propõe remuneração unificada para professores. E paga acima do piso salarial”. Ora, vivas!
Finalmente, Minas Gerais, o terceiro estado mais rico do país – assim dizem – vai deixar a humilhante posição de 18º no ranking salarial dos professores públicos dos estados. Então, valeu o sacrifício de uma greve de 112 dias, encerrada em setembro passado…
Agora, sim, os professores terão motivos para comemorar!
Mas, não é bem assim. É o que esclarece, na página 2 do mesmo jornal, a professora Beatriz Cerqueira, coordenadora do Sind-UTE, o sindicato dos professores: “O processo foi interrompido e esta proposta não foi apresentada para a comissão responsável por negociar o reajuste.”
No site do Sindicato, lê-se “Nota à Sociedade Mineira”, redigida há uma semana, que afirma: “Durante os últimos dias, a sociedade mineira presenciou nos meios de comunicação uma intensa campanha publicitária feita pelo Governo do Estado contra os profissionais da educação da rede estadual. Pelo volume de propaganda, percebemos que o Governo gastou milhões de reais, embora afirme que não dispõe de recursos para o pagamento do Piso Salarial Profissional Nacional ou do prêmio por produtividade.”
E vai gastar muito mais, pelo visto. Com publicidade, certamente. Ela poderá arrefecer o ânimo manifestado pela dirigente do Sind-UTE de organizar nova greve. O anúncio mostra alguns avanços, numa situação salarial que se deteriorou ao longo de muitos anos. O piso nacional para 40 horas semanais é de 1.187 reais. O governo de Minas afirma que “todos os professores e especialistas da Educação ganharão acima de 1.122 reais, para uma jornada de 24 horas semanais”. E os que tiverem licenciatura plena ganharão no mínimo 1.320 reais. Oito dessas 24 horas semanais poderão, a partir do ano que vem, ser destinadas a atividades extraclasse, como correção de exercícios.
Um salário ainda irrisório, tendo em vista que o salário mínimo do trabalhador brasileiro será em 2012 de 622,73 reais. Porém, melhor do que antes. Algumas greves mais, quem sabe…
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