A vazante da maré de sorte do vice-governador mineiro

Texto escrito por José de Souza Castro:

Toninho Andrade em maio de 2017, falando sobre ruptura com governador Pimentel. Imagem: Reprodução / TV Integração

Foi no município mineiro de Vazante, onde iniciou sua carreira política como prefeito, que o vice-governador de Minas, Antônio Eustáquio Andrade Ferreira, o Toninho Andrade, foi preso na última sexta-feira pela Polícia Federal, numa das operações da Lava-Jato. Em junho de 2017, ele se preparava para assumir o governo, torcendo para que o governador Fernando Pimentel, denunciado em outra operação da Lava-Jato, fosse afastado do cargo.

Escrevi sobre isso num longo artigo para este blog. Na imprensa, poucos se ocupavam de Toninho Andrade, até mesmo quando se tornou durante um ano, por indicação do seu partido de sempre – o MDB – ministro da Agricultura no governo Dilma Rousseff.

De fato, como bom político mineiro, Toninho Andrade trabalha em silêncio. Pouco se sabe sobre sua atuação, durante 12 anos, como deputado estadual mineiro. Como deputado federal, presidiu o PMDB estadual, o que lhe serviu de escada para o ministério da Agricultura e, em seguida, para a vice-governadoria.

Apesar da aparente falta de importância desse político profissional – que se espera seja desmentida pelas investigações da Operação Capitu na área da corrupção –, ele conseguiu, como vice-governador, que o filho mais velho, um engenheiro civil de 33 anos de idade, tivesse o aval de Fernando Pimentel para presidir a Gasmig, uma estatal que, dois anos antes, já apresentava faturamento anual de R$ 1,5 bilhão.

Na mesma época, esse filho, Eduardo Lima Andrade Ferreira, foi também nomeado Diretor de Gás da Cemig, que tem a Gasmig como subsidiária.

Esse nepotismo foi ignorado pela imprensa mineira, mas não pelo PSDB e DEM, partidos de oposição, que mereceram uma nota no jornal “Valor”.

Somente em maio de 2016, o Conselho de Administração da Cemig resolveu destituir Eduardo Andrade do cargo de diretor de gás. Demorou mais um ano e ele foi desligado do Conselho de Administração da Gasmig. O pai emedebista tinha motivos familiares para tramar a queda do governador petista. Não lhe faltava um bom mestre, Michel Temer.

Mas deu azar.

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Por José de Souza Castro

Jornalista mineiro, desde 1972, com passagem – como repórter, redator, editor, chefe de reportagem ou chefe de redação – pelo Jornal do Brasil (16 anos), Estado de Minas (1), O Globo (2), Rádio Alvorada (8) e Hoje em Dia (1). É autor de vários livros e coautor do Blog da Kikacastro, ao lado da filha.

1 comentário

  1. Da Folha UOL nesta tarde de segunda-feira:
    “SÃO PAULO
    A Justiça deferiu a extensão da liminar de habeas corpus concedida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) para todos os presos na Operação Capitu. Por conta dessa decisão, o empresário Joesley Batista, da J&F, deve ser libertado ainda hoje.

    Também serão soltos nas próximas horas o executivo Ricardo Saud, ex-diretor de relações governamentais da J&F, os ex-funcionários Demilton Antonio de Castro e Florisvaldo Caetano de Oliveira, e o vice-governador de Minas Gerais, Antonio Andrade, entre outros.”

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