Carta ao Luiz, 2 anos

Vamos em frente!

– Quer ajuda da mamãe?

– Não! Sozinho!

É assim que você chega aos 2 anos hoje, Luiz: um garotinho independente, que gosta de fazer as coisas sozinho. Colocar os sapatos, principalmente. E abrir o portão da garagem. Mas que também pede “colo! colo! colo!” (sempre repetindo três vezes e com a ênfase dos pontos de exclamação) e ainda chora num lamentoso “mamãããe” quando saio para ir ao trabalho (o que ainda parte meu coração como acontecia há 1 ano e 7 meses atrás, logo que acabou minha licença-maternidade).

Ou seja, é um garotinho independente mas agarradinho, que quer aprender e fazer as coisas sozinho, mas que sempre dá uma espiada para ver se estamos perto, olhando.

Você gosta tanto de ficar conosco, comigo e com seu pai, que podemos deixá-lo brincando em plena praça da Savassi, ou em um restaurante lotado, sem mãos dadas, e sabemos que você não irá muito longe. Gosta de explorar o mundo — especialmente as coisas miúdas, como caixinhas, entradas de fios, interruptores etc –, mas explora com cuidado e concentração, menino compenetrado, o oposto do estabanado, e nunca nos perde de vista — assim como nunca te perdemos também.

Ah, meu Luiz! Você chega aos 2 anos com tanta esperteza! Já desisti de anotar as palavrinhas que solta, algumas de um jeito que só a gente entende (fafá é sofá, sasson é Mucilon, pep é Peppa, mico é Mickey, mas tem urso, boi, youtube, e outras pronunciadas com precisão). Já sabe os nomes do pai, da mãe, o seu próprio, os dos avós. Na semana passada, quase caí da cadeira quando mostrei um livrinho da “popopó” com as vogais e você saiu lendo: A… E… I… O… U. Não só lia: lia e olhava pra mim, sorridente, pra ver minha reação. Minha reação, óbvio, foi gravar um vídeo pra mandar pro pai, pros avós, pra pediatra, pra diretora da escola, pra deus e o mundo, rs.

Até que você gosta de ser filmado, mas fazer uma foto sua com seu sorriso lindo, que ilumina o rosto todo, é a coisa mais difícil do mundo. Não raro coloca a mão na frente dos olhos, cobrindo, como se estivesse com sono — como faz toda vez que encontra um desconhecido na rua que resolve puxar papo com você. “Ele está com sono, né?” E tenho que explicar:

“Não, ele é tímido”. Minha vontade era dizer: “Ele é seletivo, não sai dando papo pra qualquer um”. Ora essa!

Ai, meu filhote, que bom é saber que você deixa oficialmente de ser um bebê, que os mil dias de gestação se encerram hoje, neste ciclo tão bonito quanto trabalhoso, e que você está com saúde, cheio de personalidade, cheio de encanto, cheio de humor! “Aah, mi-ni-no!”, você diz, em tom de chacota, quando vou te repreender por alguma coisa. Pode-se dizer que vai ser um piadista como o tataravô Zico, seu homônimo. Que dá valor às pequenas alegrias e nos ensina a fazer o mesmo. Você é um menino sereno, até sua birra, da tal “terrible two”, é suave, suave como o sopro de alegria que você trouxe para nossa casa, como a brisa de amor com que você preencheu meus pulmões, todos os dias, até nos dias mais cansativos, nesses 730 dias de convívio tão grudadinhos.

Que sorte a minha por você ter chegado, Pic-Pic! Que privilégio o meu por poder conviver com você nos próximos anos! Que sejam muitos e muitos anos, seus com certeza, mas também meus, para que eu possa desfrutar da sua companhia até bem velhinha, ao lado do papai. E que sejam anos de muita alegria, descobertas, aventuras, explorações, personalidade, piadas, felicidade! Nessa mescla de independência e proximidade, de fazer sozinho e também receber todo o meu carinho.

Te amo, meu filhote!

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P.S. Depois que acabei o texto, pensei em mais um milhão de coisas encantadoras para te dizer e dizer sobre você! Mas deixo a cada um que convive com você a missão deliciosa de preencher esses espaços com mais lembranças boas.

Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1 e TV Globo, UOL, O Tempo etc), blogueira há 20 anos, amante dos livros, poeta, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Antirracista e antifascista.

5 comentários

  1. Viva Luiz!! Esse menininho lindo que chegou para encantar as nossas vidas!! Que hoje celebremos com muito Amor e Alegria os dois anos de Luiz!! E que papai e mamãe continuem sempre juntinhos nos cuidados com muito Amor de “nosso” Luiz!! Parabéns amado neto, menino forte e corajoso, que mexe com as emoções da Vovó Ana sempre que fala tão alegrinho: “Vovó Ana”!! Amo você de montão!! Bençãos e Beijos da Vovó Ana!!

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  2. Aceito o desafio.
    Ontem, quando Luiz estava aqui em casa sozinho comigo, deixei-o no quarto em frente ao escritório, com um rabo de olho nele, outro no computador. Ele brincava com meu tênis. Daí a pouco, veio até mim e anunciou: cocô!
    O cheiro demorou mais que ele para se anunciar. Perguntei: quer fazer cocô? Ele balançou a cabeça, negando. Ah, já fez! – exclamei (vejam como sou esperto…). Era a primeira vez que eu ouvia esse aviso dele. Fiquei encantado, tanto que pela primeira vez não me importei de ter de limpá-lo e trocar a frauda. O que não é difícil, pois ele fica quietinho, só observando o desajeito do vovô, com um leve sorriso na cara.
    Belo texto, mamãe. Quando crescer, quero escrever como você.
    Sim, longa vida para Luiz e os pais!
    Ah, e os tênis… Hoje de manhã procurei-os sob a cama, onde costumam ficar. Estavam numa prateleira da estante em frente, lado a lado, bicos para a frente.
    Organizado, esse Ziquinho!

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  3. Muito lindo o seu texto, Cris… Como tb é lindo o seu filhote. Parabéns pra ele e pra você e o Beto que o estão criando tão bem… Aproveitem bem essa fase, pois como sabemos não se repetirá. E que o carinho de vcs por ele e dele por vcs só cresça e floresça nos anos vindouros… Bjs

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