‘A Chegada’: sci-fi com drama, e as minhas reticências

Para ver no cinema: A CHEGADA (Arrival)
Nota 7

achegada

Que nota dar para um filme como “A Chegada”? Já confessei aqui no blog que não sou a maior fã de sci-fi. Geralmente, quando vejo que tem aliens envolvidos numa trama, fico com uma preguiça danada de assistir. É igual ver filme de guerra do Mel Gibson. Ou seja, tinha dois filmes indicadíssimos ao Oscar deste ano que não estavam me atraindo nem um pouco.

Mas tenho cá minha tradição de ver os filmes do Oscar, então fui em frente. E o que vi me surpreendeu positivamente (como já aconteceu outras tantas vezes, no mesmo gênero).

Pra começo de conversa, “A Chegada” bem pode ser classificado como um drama. Os primeiros cinco minutos de filme me lembraram “Uma Prova de Amor“, muito mais que “Contatos Imediatos de Terceiro Grau“.

A sinopse: doze naves espaciais pousam em lugares diferentes do planeta, gerando pânico e mistério. Uma linguista fodona, interpretada por Amy Adams, é levada pelo governo dos EUA para tentar decifrar de alguma forma o que os E.T.s pretendem na Terra. E esse contato com extraterrestres é o ponto forte do filme: cheio de suspense, com várias nuances, vai mudando a forma como a protagonista enxerga a própria vida.

Amy Adams merece um destaque à parte. Baita atriz, indicada ao Oscar cinco vezes (desta vez, ficou de fora), ela transmite o medo na hora em que nós também sentimos medo, a fragilidade, a tensão e a sabedoria da mesma forma. Aqueles olhinhos redondos dela são pura interpretação!

Mas algumas coisas no filme me incomodaram. E não conseguiria falar delas sem estragar parte da história. O que posso dizer é que algumas soluções se deram de forma muito fácil. Como se o roteiro fosse uma longa trança cheia de nós sendo atados leeeentamente, e, de repente, alguém passa um pente e solta todo o cabelo de uma vez, sem qualquer embaraço. Mais do que isso não vou dizer por aqui, porque odeio spoilers.

Talvez, no fim das contas, sejam só minhas reticências naturais ao gênero. Tanto que a parte do drama me tocou bastante, me fez pensar. Mas aqueles tentáculos de outras galáxias não me despertaram qualquer senso de empatia. Se algum dia eu me embrenhar por esta seara, prometo pensar em E.T.s mais carismáticos!

Só pra fechar: “A Chegada” concorre a oito categorias do Oscar (melhor filme, diretor, roteiro, fotografia, edição, design de produção, edição e mixagem de som). É o filme que mais disputa o prêmio neste ano, atrás de “La La Land” (14 indicações) e empatado com “Moonlight”. Se isso fosse termômetro, estaríamos falando de um filmaço incontestável. Mas sempre há o fator mais subjetivo do “gosto”. Para o meu gosto, “Estrelas Além do Tempo” estaria muito além do tempo desses aliens e de Amy Adams 😉

Assista ao trailer do filme ‘A Chegada’:

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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1 e TV Globo, UOL, O Tempo etc), blogueira há 20 anos, amante dos livros, poeta, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Antirracista e antifascista.

6 comentários

  1. Quase sempre eu concordo com suas críticas. Já vi filmes que só vi porque você indicou e amei, como “O Juiz”. Mas me permita fazer uma ressalva, que não é sobre “A Chegada”, apesar de eu escrever aqui. É sobre La La Land e Até o Último Homem.

    Fui ver La La justamente motivada pela sua crítica. E achei BEM mais ou menos. O filme me cansou, os atores e o romane não me cativaram. Achei as coreografias ensaiadinhas, a música meio chata e o roteiro ruim. Enfim… Esse filme ou se ama ou se odeia. E definitivamente eu não amei.

    No fim de semana seguinte fui ver Até o Último Homem. Não sei se você já viu, mas nao li sua crítica ainda, entao estou supondo que não (então, comento sem spoilers). 0 que vi foi um filme incrível. Lindo! Que história. E que maneira boa de contá-la, sem maniqueísmos, com um realismo tocante e que nos faz enxergar e refletir sobre tantos pontoa de vistas da guerra. Amei! Pra mim, Mel Gibson está de parabéns!

    Até o Último Homem jamais vai vencer La La Land no Oscar. Mas para mim é muito, muito melhor. Fez mais diferença pra minha vida e pra minha experiência cinematográfica.

    Enfim, sempre sinto vontade de conversar com você quando leios suas críticas aqui no Blog. Tá aí um comentário.

    Ah, e A Chegada eu não vi ainda.

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    1. Oi, Janaína! Obrigadíssima pelo comentário. Principalmente porque eu estava com zero vontade de ver o filme do Mel Gibson, mas agora fiquei curiosa 😀 Vou escrever a resenha assim que vir e espero seu comentário, hein? Acho que “la La Land” despertou amor e ódio mesmo. Conheço muita gente que concorda com sua visão. A decisão da academia sobre as 14 categorias a que o filme concorre será surpresa total, eu acho. Este Oscar será dos mais emocionantes dos últimos tempos, mais imprevisíveis! Eba 😀

      Depois me diz o que achou de “A Chegada”, hein?

      Beijos

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  2. Ah! Faltou dizer que gostei do filme apesar de concordar com suas reticências. Na verdade, eu meio que assisti já esperando o momento em que chegaria “o pente que solta todo o cabelo de uma vez, sem qualquer embaraço”. Hahahahaha….

    É verdade! A solução parece fácil demais para um história tão bem construída, tão intensa e envolvente. Mas ainda assim o final me toca. É difícil mesmo comentar sem dar spoilers, não quero estragar a experiência de ninguém. Mas posso dizer que o caminho da protagonista é um caminho que toca e me inspira.

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  3. Olá! Aqui estou eu seis meses depois para comentar de novo esse post! Rs…
    Na verdade eu não vi “A Chegada” só agora. Já faz uns meses, mas o que importa é que eu ADOREI! Amei mesmo… Me envolveu muito a história da protagonista e a forma como é conduzida com todas as emoções e uma interpretação tocante da Amy Adams. Fez eu refletir sobre a vida também, sobre a forma como vivemos e escolhas que fazemos. Gostei demais!

    Hoje, vi um vídeo que trata do roteiro de A Chegada e lembrei na hora do seu texto e de que falamos de outros filmes, mas não falamos dele, hehehehe… Bom, senti vontade de compartilhar, pois acredito que possa gostar.

    Você sabia que foi inspirado em um conto? O vídeo mostra três adaptações fundamentais para levar a narrativa do papel para o cinema, descreve pontos importantes da edição para chegar ao produto final e sugere uma reflexão sobre como filmes de ficção científica não são sobre aliens e outros mundos e sim sobre como compreender a humanidade.

    Aqui está o link se quiser assistir. São apenas 13 minutos. Eu gostei bastante e me fez curtir ainda mais o filme: https://www.youtube.com/watch?v=QTxvzkwVsQE&feature=youtu.be&goal=0_6486cd27b5-181d47481d-312990261

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