10 textos para refletirmos sobre a importância de respeitar a OPINIÃO dos outros

duke2006
Charge do Duke

 

Na última terça-feira publiquei o texto em que eu dizia por que não pretendo fazer parte da marcha que vai acontecer no dia 15, próximo domingo (a propósito, também não vou na de hoje). Apesar de achar protestos legítimos e também uma maneira útil de demonstrar a insatisfação com o governante e cobrar respostas, o mote principal da marcha do dia 15 é o impeachment da presidente da República, que é um processo muito traumático para o país e que, na minha opinião, não faz sentido neste momento, já que nenhuma acusação prevista em lei paira sobre a mandatária reeleita. Por fim, registrei meu temor de ver este protesto sendo apropriado por um grupo que defende a intervenção militar no país, que é algo que vai totalmente de encontro às minhas convicções pessoais.

Bom, foi minha opinião. Tenho este blog para, entre outras coisas, escrever livremente minhas ideias, para quem quiser ler. A resposta foi impressionante. No momento em que escrevo este post (manhã de quinta), foram 663 comentários ao post, nos quatro endereços em que ele foi publicado (aqui, no jornal “O Tempo“, no Brasil Post e na revista Fórum) e na página do Facebook do blog. Pode-se dizer que 80% dos comentários eram para me xingar, muitos dizendo que sou petista ou que recebo dinheiro do governo para escrever no meu blog. Fico me perguntando se essas pessoas só vão para a passeata porque receberam dinheiro da oposição ou por serem filiadas a algum partido. Será que as pessoas só se posicionam porque foram compradas? Bom, eu não. Como respondi a um deles, minhas “asneiras” eu escrevo de graça mesmo 😉

(Por outro lado, aproximadamente 101.000 pessoas tinham compartilhado o post, pelas ferramentas das quatro páginas, até a manhã de ontem. Como 90% dos que compartilharam o fizeram porque gostaram do texto, posso dizer que aqueles que comentaram me xingando são uma minoria pequetitinha.)

O que me entristece é que já temos 30 anos consecutivos de democracia e liberdade de imprensa no Brasil e até hoje as pessoas não aprenderam a lidar com a divergência de ideias, opiniões e visões de mundo. Quer dizer, ainda não amadurecemos como democracia. Discordar, hoje em dia, significa brigar, agredir. Isso nas redes sociais e na internet como um todo é ainda mais visível. As pessoas, com raras exceções, não convivem bem com quem pensa diferente: se pensa diferente, é comprado, ou é petista fanático, ou tucano fanático. É preto ou branco: ninguém mais enxerga o cinza.

Como este é outro dos temas recorrentes aqui no blog, resolvi fazer uma compilação de posts, assim como fiz no Dia da Mulher. Textos que podem, quem sabe, ajudar na reflexão para esses dias de tamanha intolerância, de tamanho ódio, de tamanha arrogância, que vemos amplificados no mundo virtual. Talvez, ao fim desta leitura, as pessoas parem para pensar se vale a pena continuar xingando, agredindo ou gritando — alguém ainda vence algum debate no grito? — ou se não é muito melhor usar argumentos, fontes confiáveis de informação, troca de ideias educadas. Se ninguém se convencer do seu ponto de vista, pelo menos não terá deixado relacionamentos mortos ou feridos no meio do caminho, né 😉

Aí vai:

  1. Manifesto a favor do direito de divergir, em que defendemos a divergência de ideias em forma de um manifesto, escrito pelo jornalista Beto Trajano.
  2. Fanatismo é burro, mas perigoso, em que falamos da perigosa autoconfiança que o fanatismo proporciona às pessoas, que as leva a tomar as decisões mais estúpidas.
  3. O anarquista que enxerga, em que faço uma crônica sobre as pessoas, com visões de mundo diferentes e até antagônicas, que convivem todos os dias, o tempo todo, sem se darem conta disso.
  4. Para uns, para outros e para mim, em que reitero que devemos respeitar as opiniões diferentes e falo que nem sempre ter convicções de tudo é bom.
  5. Tem certeza absoluta? Que pena, em que compartilho uma frase que minha professora favorita da UFMG disse um dia e que me marcou para sempre.
  6. O vizinho que pensa diferente de você, em que uma charge do Duke vale mais que mil palavras.
  7. Post especial para quem se acha com o rei na barriga, em que trago uma reflexão do grande cientista e escritor Carl Sagan, que nos coloca em nosso lugar.
  8. Reflexão para as pessoas cheias de si, em que divido um texto da sabedoria chinesa sobre o assunto.
  9. A saudável loucura de cada um de nós, em que também relativizo a forma como olhamos para os defeitos dos outros.
  10. Qual é a sua opinião, cidadão?, em que mostro um jeito simples de os cidadãos opinarem sobre os assuntos mais importantes que estão sendo debatidos no Congresso e pressionarem os legisladores, mesmo sem precisar sair de casa.
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Charge do Laerte

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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1 e TV Globo, UOL, O Tempo etc), blogueira há 20 anos, amante dos livros, poeta, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Antirracista e antifascista.

10 comentários

  1. “Pode-se dizer que 80% dos comentários eram para me xingar, muitos dizendo que sou petista ou que recebo dinheiro do governo para escrever no meu blog.” Uma pena, Cris, que o debate político no Brasil esteja reduzido a uma polaridade que não oferece nada produtivo: a depender do posicionamento, os rótulos de “coxinha”, “petralha”, “golpista” e outros tantos aparecem e enterram qualquer possibilidade de debate salutar.

    E por mais que tente, ainda não consigo entender essa carga de ódio crescente e em parte disseminada pelas redes sociais – aí lembro daquela tirinha genial do Adão Iturrusgarai sobre os “comentaristas de internet”. Como você bem citou, o brasileiro ainda não sabe conviver com a democracia e diversidade. E não é espalhando ódio por aí e com visões radicais que vamos mudar isso.

    ( O trecho que você apresenta sobre “Pálido ponto azul”, do Sagan, é brilhante! 🙂 )

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  2. Toda essa situação me lembra aquele personagem do Francisco Milani, o Pedro Pedreira (Pedra 90). Só aceitava opinião igual a dele. Mas quero ser um pouco otimista (não muito), apesar da intolerância, falta de visão e educação estamos tentando ter um debate politico.O dialogo esta acontecendo, o que é muito importante. Claro que para ser um debate que se aproveite algo ainda falta muita coisa (bota muita nisso). Há 25 30 anos atrás não tínhamos nem isso. A coisa não está nem engatinhando mas daqui a uns bons anos vai melhorar. Até lá paciência e canja de Galinha. Vi em um desses textos (acho que foi o Aula de historia para uma criança de 6 anos) que um leitor te chamou de cubana (rolei de rir). Hasta, abrazo

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  3. Vou mandar esse texto para Chico Buarque que infelizmente não entendeu a mensagem de Rosa Luxemburgo: “Liberdade é sempre a liberdade de quem pensa diferente”.

    Também não entendeu a mensagem de Leandro Konder, estudioso das ideias socialistas, do marxismo e da dialética e autor de Walter Benjamin, O Marxismo da Melancolia; Fourier, O Socialismo do Prazer; Memórias de um Intelectual Comunista; Lukács – Fonte do Pensamento Político; História das Ideias Socialistas no Brasil; Marxismo e Alienação; A Derrota da Dialética; Os Marxistas e a Arte; O Marxismo na Batalha das Ideias e de Flora Tristan: uma Vida de Mulher, uma Paixão Socialista: “A Democracia depende de os chatos terem seus direitos assegurados, divergindo de nós”.

    Os militares de 64 não gostavam da Democracia, não gostavam daqueles que divergiam deles e muito menos de garantir direitos assegurados.

    A turma raivosa do PT não considera a Democracia como um valor universal, tanto é verdade que massacrou as atrizes Claudia Raia e Marília Pêra somente porque elas votaram em Collor.

    Ou como diria Claudio Botelho: “Vocês são piores do que os militares”.

    Não vai ter ódio. Vai ter coxinha com mortadela.

    Estamos nas mãos dos biltres.

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