O gênio mais injustiçado da História

Não deixe de assistir: O JOGO DA IMITAÇÃO (The Imitation Game)
Nota 10

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Fazia tempos que eu não via um filme biográfico (ou ao menos baseado em fatos reais) TÃO bom como este.

Comecei assistindo com a vaga ideia de que era uma história sobre o pai da computação, Alan Turing, e que teria alguma coisa a ver com a guerra. (Parêntesis para dizer que, de uns tempos para cá, tenho optado por ver filmes às cegas, com o mínimo de informação possível sobre eles, para me surpreender mais. E procuro evitar estragar as surpresas também ao escrever a respeito deles aqui nas renhas do blog, viu?).

Mas o que vi, nas pouco menos de duas horas de filme, foi uma história instigante que mudou totalmente o meu conceito de como as guerras são vencidas no mundo e, pra falar a verdade, me fez entender até melhor a importância de denúncias como as feitas por Edward Snowden em 2013. Depois de ver este filme, fiquei com vontade de rasgar muitos dos livros de História que me ensinaram sobre as batalhas épicas de Stalingrado e mesmo da Normandia, o famoso Dia D da Segunda Guerra Mundial. Enfim, é um filme que merece ser assistido por todos aqueles que gostam de filmes históricos.

Ao contrário de “Sniper Americano“, que critiquei aqui no blog nesta semana, este “Jogo da Imitação” não peca pelo excesso de homenagem ao protagonista, mas, ao contrário, faz justiça a um personagem que passou batido no que diz respeito à vitória dos Aliados na guerra e que foi tratado, de certa forma, como um pária, mesmo tendo sido um herói (um herói ambíguo, como vocês verão no filme, mas, para se constar nos anais da História, ainda seria uma definição de herói). Ao terminar de ver o filme, fiquei com a impressão de que Turing é um dos gênios mais injustiçados da História.

Para melhorar, o filme também explora bem o lado humano do matemático, com todas as deficiências sociais que ele possui (e que todos os gênios costumam ter), sua dificuldade em entender piadas (me lembrou imediatamente do Sheldon, de Big Bang Theory), e seu sofrimento por ser homossexual numa época em que isso era considerado crime, punido com cadeia e até com a forca na Grã Bretanha. Com esses ingredientes, o roteiro ganha pelo drama humano, retratado de forma excepcional pelo ator candidato ao Oscar Benedict Cumberbatch, mas também agrega em outro viés histórico, o do preconceito aos homossexuais (e também às mulheres, que não deixa de ser abordado).

Enfim, é um filme completo, seja por nos fazer pensar, chorar e vibrar com seu roteiro (que concorre ao Oscar), seja pelas brilhantes atuações, especialmente de Cumberbatch e também de Keira Knightley (indicada ao Oscar mais uma vez), seja pelo capricho na direção de arte, que reproduz os anos 40 e 70 com exatidão desde a dentadura do ator principal até o maquinário que ele inventou, ou pela direção geral do norueguês desconhecido Morten Tyldum. Merece cada estatueta para o qual foi indicado e é um filme que ainda quero rever várias vezes, com algum livrinho de palavras cruzadas no colo 😉

Veja o trailer:

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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1 e TV Globo, UOL, O Tempo etc), blogueira há 20 anos, amante dos livros, poeta, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Antirracista e antifascista.

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