147 maneiras de chamar o seu amor

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Ele me chama de morena, eu chamo ele de moreno. “Mas moreno?! Ele NÃO é moreno!” É verdade: ele é daqueles que nasceram loirinhos, hoje cabelo castanho claro, pele branca, olhos esverdeados. Quando toma sol, fica vermelho, não moreno. Mas o apelido dos enamorados sempre surge das maneiras mais inusitadas e suas origens nunca são óbvias. No nosso caso, veio do meu sobrenome: Cristina Moreno — e ele brincando, quando ainda nem éramos namorados, que o certo deveria ser “Morena” (eu sou mesmo morena, diga-se de passagem), então assim ficou: morena, morena, morena, moreno. Com direito a variantes: moreninho, morenim, morenóide, morenildo, morenilde, morenaide, naidinha.

De vez em quando ele pega palavras aleatórias e, puf!, viram um novo apelido carinhoso. Se o cabelo foi cortado no dia, cabelinha. Se começo uma dieta, queijinha frescal. Se (já nem sei mais por quê), viro tartaruguinha, e ele, brigadeirinho, cervejo red ale, bocó, e assim por diante.

Cheguei à conclusão de que a semiótica dos apelidos carinhosos é diferente. O significado quase nunca corresponde ao esperado pelos que assistem de fora. Mas, para o enamorado, faz todo sentido. É como com os cachorros: não importa se você os chamar por um palavrão, desde que use a entonação certa. E eles vão abanar o rabinho com a mesma ênfase e amor.

Pensando nisso, pedi aos amigos para contarem quais apelidos usam com seus amores. Não me decepcionei: veio cada história! Por exemplo, o Bata. Bata foi assistir a “Toy Story 2” com sua namorada, logo no começo do relacionamento. Em uma cena, um dos personagens grita: “Eu sou uma batata casada!”. E, daquele dia em diante, isso virou uma piada interna entre os dois: não se esqueça que agora você é uma batata casada, hein, amor? Daí para começarem a se chamar de Batata, Batatinha e Batatão, foi um pulo. A abreviação natural: Bata. Os dois se casaram, tiveram filho, se divorciaram e, mesmo assim, até hoje, só se tratam por Bata. Apelidos carinhosos às vezes são eternos.

Outro casal, junto há seis anos, já passou por toda sorte de apelidos. Quando ela pesava meros 47 quilos, passou a ser chamada, carinhosamente, de gordinha. Além de baleia, bola de praia, quica (por causa das bochechas do Quico, do Chaves). Vai entender.

Há ainda aquela dupla que se chama só de Pan. Pan pra cá, Pan pra lá. Os dois são Pan. E pan vem de onde? “De panguá” — respondem, sorridentes.

Aliás, o mais comum é um apelido surgir e ir se desdobrando em outros mil. Delícia vira Dedela. Amor vira Amour, que vira Amoulo, que acaba em Molo. Uma prima começou a chamar o namorado de paixão (e vice-versa), e logo virou xão, xoxoxão, xoxo… Até chegar, sabe-se lá como, a Boxx, que é como se chamam hoje.

E os apelidos muitos vezem passam de geração para geração. Vejam o caso dos dois que se chamavam de Amorzo/amorza e Amorinsko/amorinska, e agora já reduziram para Orzo e Insko. Nasceu o primeiro bebê e adivinha como ele é chamado? Mini-Insko…

Vida, cheiro, monstro, nojento, preto, jacu, doidim, nego, delícia cremosa, pituxa, tico, dico, anjo… Dos apelidos que mais parecem xingamentos aos que já são mundialmente aceitos, o fato é que todos fazem disparar algum coração por aí. E muitos casais se chamam por mais de um apelido, dependendo da ocasião. Fora aqueles nomes que só aparecem nos momentos mais íntimos, que os amigos não quiseram me contar nem com a promessa de que seriam mantidos anônimos. Mesmo assim, recebi nada menos que 147 apelidos! Muitos repetidos, o que ilustra a preferência da maioria, mas alguns muito particulares. Vejam só:

Quanto maior o tamanho da letra, mais vezes o apelido foi repetido.
Quanto maior o tamanho da letra, mais vezes o apelido foi repetido.

E você, como chama seu namorado/marido/ficante/rolo/paixonite/namorido/etc?

Conte para mim e eu acrescento aqui no post 😉

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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1 e TV Globo, UOL, O Tempo etc), blogueira há 20 anos, amante dos livros, poeta, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Antirracista e antifascista.

12 comentários

  1. Adorei esse post e fiquei surpreso: não sei se minha mulher aceitaria ser chamada de monstro ou nojenta! rsrsrs Em compensação não somos nada originais – quase 40 anos depois é “môr” prá cá e “môr” prá lá. Começou com amorzão e com o tempo foi diminuindo. Possivelmente, daqui a mais uns dez anos, vai soar como “mmmmm”! 😉 Beijos.

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  2. Adorei o post! Tive um namorado com quem eu sempre falava “faz isso ‘de mim’?” ao invés de ‘pra mim’. Isso foi evoluindo até que passamos a nos chamar de xiuí. Ele também me chamava de iguana, porque adorava ficar deitada no sol durante a tarde. Outro namorado me chamava de bruxinha do oeste ou então de preta (mas sou morena clara). Minha paixão atual me chama de cabeça ou jacú, que também é fofinho. 🙂

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  3. Estou a 27 anos com a mesma pessoa (namoramos 10 anos e estamos casados há 17 anos) e desde o primeiro momento ele me chama de Mo, e isso é até hoje, acho fofo, mas eu nunca fui de chamar por apelidos, mas acho legal, só não pode ser muito meloso né?!

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