Cenas das férias: Serra da Mantiqueira

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Quem lê este blog há muito tempo, sabe que já conheci a Serra da Mantiqueira e que me apaixonei pela região na divisa entre Sul de Minas, Rio e São Paulo. Por isso, decidimos incluir o roteiro em nossa viagem. Nos últimos dias de nossa aventura pelas estradas, subimos de novo a Régis (BR-116), paramos em Peruíbe, litoral Sul paulista, seguimos pela SP-050, Anchieta, Ayrton Senna, Carvalho Pinto, e chegamos à SP-046, onde encontramos a bela Santo Antônio do Pinhal (SP).

 

Cidadezinha com pouco mais de 6.000 habitantes e mais de 1.500 metros de altitude, Pinhal está ainda mais charmosa desde a última vez em que estive lá, em 2011. As casas e lojas do centrinho estão todas reformadas, com telhadinhos novos e muito charmosos. O número de bares e de pousadas também parece ter explodido nos últimos tempos. Vários cartazes do governo de São Paulo alardeiam que a gestão de Geraldo Alckmin (PSDB), que nasceu naquela região da Mantiqueira (em Pindamonhangaba), está empenhada em reformar a terra natal do governador paulista. Várias ruas foram recapeadas apenas nos três dias em que lá estivemos e as estradas também estão muito bem conservadas em toda a região.

Ficamos hospedados na Pousada Santo Antônio do Pinhal, que fica em uma micro-rua sem-saída que desemboca na avenida principal da cidade, a Ministro Nelson Hungria, bem no centro. A pousada cobrou diária de R$ 100 para o casal (ou R$ 50 por pessoa), um preço muito justo para as ótimas acomodações (quarto com aquecedor elétrico, frigobar, TV), o café-da-manhã delicioso e o silêncio garantido, cortado apenas pelo som dos passarinhos (aliás, um deles usava a luz de emergência, na frente do nosso quarto, como ninho).

Veja opções de hospedagem em Santo Antônio e em Campos do Jordão.

Fizemos um roteiro tão bacana que vou recomendar cada item, sem exceção:

Dia 1: subimos, de carro mesmo, o Pico Agudo, que fica na própria Pinhal. A estrada de 8 km de extensão, de terra, pode ser toda percorrida de carro, e tem uma paisagem por si só maravilhosa, com aves raras e vista deslumbrante. Lá do alto, a 1.700 metros acima do mar, temos uma vista de 360 graus das cidades e serras ao redor. Chegamos na hora do pôr-do-sol, que dispensa comentários.

À noite, comemos pizza saborosa no Varanda, que também tem um preço justo. Clique em qualquer foto para ver todas em tamanho real:

Dia 2: percorremos a SP-046 no sentido de Gonçalves, cidadezinha mineira de 4.000 habitantes, que tem suas próprias surpresas e delícias. Pra começar, visitamos três lindas cachoeiras: do Retiro, das Sete Quedas e do Cruzeiro, onde nadamos, tomamos sol e apreciamos a natureza. Para chegar a esta última, tivemos que percorrer uma pequena trilha, bem sinalizada, de 1.200 metros, por onde cruzamos com araucárias, quaresmeiras raras e fomos barrados por meia dúzia de vacas e bois que descansavam bem no meio da estrada! Clique em qualquer foto para ver todas em tamanho real:

Antes de sair de Gonçalves, passamos na casa, bem no centro da cidade, da Senhora das Especiarias. O lugar é parada obrigatória: lá são preparados dezenas de temperos, geleias, antepastos, chutneys e molhos com todo tipo de ingredientes maravilhosos. É possível experimentá-los na hora. Saímos de lá carregados de potinhos! (Preços: R$ 6 o pequeno e R$ 18 o grande).

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Depois seguimos pela SP-046, passando por Sapucaí-Mirim (MG), até chegar a São Bento do Sapucaí (SP), cidade com 10 mil habitantes, onde almoçamos no excelente Taipa Restaurante, com buffet de comida mineira a quilo (R$ 27/kg), e decoração cheia de antiguidades. Quase perdemos o almoço, que termina às 15h.

Lá mesmo em São Bento, seguimos na direção da Pedra do Baú, parando na Cachoeira dos Amores, onde só fizemos fotos antes de voltar a Pinhal. E, já em Santo Antônio, fizemos uma parada estratégica para comprar chocolates Das Senhoritas e tomar sorvete Eisland, feito com leite de vacas Jersey (R$ 5 e pouco cada bola). Clique em qualquer foto para ver todas em tamanho real:

Dia 3: fomos cedo para Campos do Jordão, que fica a 10 km de Pinhal e é a cidade mais famosa da Mantiqueira, com 50 mil habitantes. Desta vez, as árvores da fortuna, que são o símbolo da cidade, estavam carregadas de folhas (aquelas da bandeira do Canadá), mas já amareladas e marrons, forrando também as ruas, num clima bem outonal. As casas, sempre com arquitetura típica (provavelmente imposta por lei municipal, já que não vimos nada que fugisse àquele padrão), dão um ar europeu para a cidade (como se tivéssemos saído do país), que é um pouco engraçado.

Seguimos para o pico do Itapeva, na vizinha Pindamonhangaba, a mais de 2.000 metros de altitude, de onde se avista 15 cidades do Vale do Paraíba. Ou avistaríamos, se não estivesse tão nublado. Mas pairar sobre as nuvens também foi emocionante, e deixou o pico ainda mais bonito do que eu tinha visto da última vez.

Lá fizemos várias compras para trazer de presente, de ponchos, casacos, cachecol, meiões de lã, licores e ímã de geladeira (estes para minha coleção), a preços irrisórios.

Depois descemos de novo para Campos do Jordão, passando por um caminho bonito, cheio de casarões, castelos e árvores de folhas vermelhas, onde chegamos ao badalado bairro Capivari, onde ficam restaurantes caros como o da Baden Baden (cerveja que não é encontrada por menos de R$ 25 na cidade). Lá, tínhamos duas opções: ou “abraçávamos o capeta” e arcávamos com pratos individuais na casa dos R$ 70, ou buscávamos opções mais econômicas. Como ainda íamos comer rodízio de fondue à noite, preferimos a segunda alternativa. Assim, fomos parar em um bom self-service a R$ 29,90/kg, numa das ruas principais de Capivari (infelizmente, esqueci de anotar o nome do lugar).

Em seguida, passamos pelo Pico do Elefante, de onde se avista boa parte da cidade (e onde fica o teleférico) e terminamos o dia no Museu Casa da Xilogravura, que bem poderia ser chamado de Museu da Impressão, porque aborda várias técnicas de impressão, chegando até a máquinas de datilografia. Fomos recebidos na porta pelo próprio fundador, o artista Antonio Costella, que esperava a chegada de uma excursão escolar. Vale a visita! (R$ 5 o ingresso, ou R$ 2,50 a meia-entrada). Clique em qualquer foto para ver todas em tamanho real:

E assim terminamos nossa aventura. Na volta para Beagá, passando pela BR-456 e pela Fernão Dias, cruzamos cidades que se dizem a Terra da Fogueira ou se atribuem outras especialidades, com várias igrejinhas, paralelepípedos e vendedores de redes ou de doces na beira do caminho. Paramos para um almoço no Graal de Ribeirão Vermelho/Perdões, e chegamos em Beagá ainda às 16h, a tempo de pegar um céu estonteante que parecia um vulcão:

Céu de Beagá! Foto: CMC
Céu de Beagá! Foto: CMC

Conclusão: é uma delícia viajar e conhecer mil lugares incríveis, mas o melhor lugar do mundo ainda é nossa casa, na terrinha que mais deixa saudades, então também é sempre bom estar de volta 😀

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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1 e TV Globo, UOL, O Tempo etc), blogueira há 20 anos, amante dos livros, poeta, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Antirracista e antifascista.

4 comentários

  1. Primeiramente, que bom que voltou, Cris!!
    Que viagem legal essa sua!! Também tenho vontade de fazer uma road trip pelo Brasil, mas com o estado de nossas estradas, cadê coragem? Durante uns anos tinha que ir semanalmente a Ouro Preto por causa do meu trabalho e perdi a conta do número de vezes que fui quase esmagada ou jogada para fora da estrada por caminhões. Fiquei com muito trauma de estrada.
    Abraços e bom restinho de férias!

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    1. Algumas estradas são mesmo terríveis, né! Pra mim, a de Ouro Preto é uma das piores que já peguei na vida, desde a 040. Só não perde pra 381, sentido Bahia, que é a pior de todas do universo. Mas essas que eu peguei são todas privatizadas e estão em muito boas condições! E até a SP-046 e a MG-173, que são públicas, ainda estão muito boas. Pra vc ter uma ideia, mesmo em tanto tempo nas estradas, não vimos nenhum acidente! :O e 😀

      Por isso, não desista ainda do seu sonho da road trip! É uma experiência que vale muito a pena, principalmente se vc gosta de dirigir também. Bjos!

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  2. Muito bom os comentários das cidades da Serra e sobre Campos do Jordão.Estive in residence The Writer House em Campos do Jordão,realmente a estância é tudo de bom e sobre a The Writer House ,a casa do escritor é algo inovador em termos de Brasil e a escolha de Campos do Jordão para sediar este projeto inspirado num conceito igual americano não poderia ser diferente,pois,a região está localizada entre diversas cidades literárias como Taubaté ,a capital da literatura infantil e a cidade de Monteiro Lobato.Estive na Hub City ,e sei como esse projeto literário foi fundamental para a cidade Spartanburg, SC. Em maio de 1995, três escritores se conheceram em uma cafeteria com uma idéia para um livro, uma antologia sobre a experiência de viver em Spartanburg, SC. Desde então, o Writers Project Hub City já publicou mais de 65 títulos e 500 escritores, estabeleceu uma livraria independente, e desde a educação escrita criativa para milhares de pessoas.Parabéns para o Curador brasileiro da The Writer House ,a casa do escritor em Campos do Jordão!VOLTAREI BREVE A TODA A REGIÃO DA MANTIQUEIRA!!!

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  3. Muito bom todos os comentários sobre a estância de Campos do Jordão, entretanto,a que mais gostei foi a dica para aqueles que gostam de cultura sobre a The Writer’s House ,a casa do escritor.Realmente é algo inovador em termos de Brasil e a escolha de Campos do Jordão para sediar este projeto inspirado num conceito igual americano e realmente a região está localizada entre diversas cidades literárias como Taubaté ,a capital da literatura infantil e a cidade de Monteiro Lobato.Também estive na Hub City -USA ,e pude ver o projeto literário da cidade Spartanburg, Carolina do Sul . Quando puder irei me inscrever no projeto brasileiro da The Writer’s House ,a casa do escritor em Campos do Jordão,e espero que me aceitem como escritora residente.

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