O saudável que sai caro

saudavel

A moda dos tempos atuais é comer tudo “ligth”. Não só light: integral, orgânico, de soja, com grãos, de peito de peru, sem lactose e/ou com nome difícil. Já ouviu falar na lichia? Aposto que sim, mas na chia ou só fui ouvir falar na última sexta-feira, ao ler a matéria da minha colega Ana Paula Pedrosa. Isso pra não falar da quinoa, outro tipo de grão da moda, junto com a linhaça.

A ditadura do alimento saudável tem um grito de guerra: é preciso emagrecer! E ainda: há que se preservar o colesterol bom!, não podemos nos entupir de açúcar!, devemos perder gordura! Não são alternativas, são mandamentos. Todos com verbo no imperativo. Muitos dos quais ligados às opções vegetarianas, que somam as preocupações humanas com o bem-estar dos animais usados para fazer gordurosas salsichas e mortadelas.

Taria tudo muito bem, tudo muito bom, não fosse por outro tipo de peso: no bolso. Segundo a já citada matéria, que saiu hoje em “O Tempo”, comprar substitutos mais saudáveis para torresmos e danoninhos implica pagar quase o dobro. Os supermercados dizem que é porque a demanda é pequena. Bom, então 99% das pessoas que conheço não frequentam esses supermercados. Para mim, o alto custo está mais associado ao fato de essa moda ter pegado primeiro entre as pessoas de melhor poder aquisitivo, dispostas a pagar o quanto for por uma promessa de vida longa e feliz.

Confiram a tabela publicada junto com a reportagem. As diferenças são impressionantes:

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Para ficar num exemplo bisonho: suco de uva “normal” custa R$ 2,79, mas o “orgânico” sobe para R$ 16,98. Que uva é essa, meu deus!?

Eu já não era muito adepta dessa nova religião, por questões de ponto de vista. Gosto de queijo, amo queijo!, gosto de café, gosto de cerveja, adoro uma farofa amanteigada, e fico muito feliz quando me servem torresmo ou pão de alho num churrasco. Enfim, coisas que fariam um nutricionista moderno ter ânsia de vômito. Agora, ao ler a matéria, me convenci: prefiro morrer mais cedo e mais saciada do que mais tarde e mais pobre, além de comendo — literalmente — como um passarinho.

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Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1 e TV Globo, UOL, O Tempo etc), blogueira há 20 anos, amante dos livros, poeta, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Antirracista e antifascista.

11 comentários

  1. Isso é foda. O famoso “pagar por uma marca, ou um estilo”……..de boa, não pago…………..além de acreditar que mais de metade do que falam sobre isso é lero lero………tbem não entendo papel reciclado custar mais q papel comum………e pq isso não se reflete no papel higiênico?

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    1. O problema é saber o que faz bem e o que faz mal, se nem a Ciência sabe ainda. Cada hora se lê uma coisa: café faz bem, café faz mal, ovo faz bem, ovo faz mal, vinho faz bem, vinho faz mal, vinho é indiferente, e o mesmo com as carnes, os peixes, os grãos etc.
      Então, pra que sofrer por causa de lendas? 😀

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  2. Pois é! Podemos afirmar que o marketing do alimento “light” ou dietético tem funcionado em pleno, tornando-se quase em um transtorno obsessivo! Segundo estatísticas/estudos, na última década o consumo deste gênero de alimentos aumentou uma dez vezes e atualmente são adquiridos por cerca de um terço das famílias brasileiras.
    O único milagre criado foi o enriquecimento das indústrias de alimentos dietéticos, não um emagrecimento saudável dos seus consumidores que deveriam ter uma dieta equilibrada em frutas, legumes, verduras evitando os açucarados e gorduras saturadas em excesso!

    Bom artigo!

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    1. Exatamente!
      Tenho pra mim que, se a pessoa come sem excessos e de forma equilibrada, seja que comida for, ela vai ter uma vida saudável. De preferência se fizer exercícios físicos de forma não agressiva. O que diz na embalagem é só marketing.

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      1. Exatamente!
        Dieta alimentar equilibrada em frutas, legumes, verduras evitando os açucares e gorduras saturadas em excesso! Um exercício diário é sempre muito bom, o problema são os assaltos.
        O produto “light” é puro marketing!

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  3. Minha alimentação é super saudável e baratíssima. Não como carnes (que são caras), não como laticínios (que são caros), como feijão, arroz, batata, e mais 7658 tipos de vegetais. Todos comprados naquela parte do supermercado que é a mais saudável: os “hortifruti”.

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  4. Não há uma margem de duvida em que comida de verdade é o ideal.Descascar mais e abrir menos!
    No mais , a maior parte das duvidas em relação ao que faz bem ou mal é uma desculpa p/ comer mal( industrializados ,embutidos ,processados e etc).
    Achocolatados em que o primeiro ingrediente é o açúcar são bem mais baratos que produtos concentrados ou cacau puro ,sucos que se tem menos de 5% de fruta vão ser bem mais baratos que um suco 100%, uma bebida láctea (menos de 51% de derivados de leite )vai ser mais barato que um yogurt(mais 80% de derivados de leite).
    Está tomado suco ou açúcar com água e aromatizante ?
    Está comendo um alimento ou produto alimentício ?

    Marketing ou desculpas + preguiça?

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