Uma das piores consequências dessa pseudopolêmica de artistas defendendo a censura às biografias é que, a cada nova frase que eles soltam tentando desmentir tudo o que tinham defendido há não tantos anos atrás, mais tomo antipatia desses caras que, um dia, já admirei com fervor. E o mesmo acontece com multidões de fãs, que vão perdendo o respeito por essas figuras, indignados com declarações tão mesquinhas e reacionárias. Que jeito triste de encerrarem suas carreiras e vidas! Que feio, Chico, que feio Caetano, que feio Milton, que feio, Gil. Banana pra vocês! 😛
Pra quem não leu o post original sobre a tentativa de censura às biografias, CLIQUE AQUI.
E atualizo a recomendação de bons textos de análise e informação sobre a polêmica (vou acrescentando sempre que eu vir algum bom texto):
- Jânio de Freitas mostra o quanto é ridícula a tentativa do Procure Saber de se desassociar de tudo o que já falaram e, ao mesmo tempo, reforçar as mesmas defesas, com ajudinha de um teleprompter.
- A carta aberta de Benjamin Moser a Caetano Veloso
- O excelente relato pessoal de Mario Magalhães, que fez a biografia de Carlos Marighella e, embora ela tenha sido um estrondoso sucesso para os padrões brasileiros, praticamente o deixou falido, como costuma acontecer aos jornalistas que encaram largar uma Redação para se dedicarem a este trabalho ainda mais suado.
- A excelente carta que o mesmo Mario Magalhães escreve a Chico (“Biografias são reportagens, que constituem gênero do jornalismo. Pagar royalties a personagens descaracteriza biografias não autorizadas _você propõe mesmo dar uns caraminguás aos netos do Médici?”)
- Manifesto contra a censura às biografias, assinado por várias pessoas que admiro muito no jornalismo e na literatura
- Chico Buarque pego de calças curtíssimas
- Ricardo Kotscho comenta a mancada de Chico e espeta Paula Lavigne (“Paula não é artista nem se tem notícia de alguém que esteja interessado em escrever sua biografia. Trata-se apenas da ex-mulher e empresária de Caetano Veloso, que está vivendo seus 15 minutos de celebridade.”)
- Editor da Companhia das Letras fala sobre pagamento indevido e tentativa de censura movida pela família de Garrincha.
- Janio de Freitas fala do despenhadeiro que esses artistas estão querendo abrir para empurrar nossa frágil democracia (“Se consagrada a proibição não autorizada, em livro, do que uma celebridade julgue inconveniente a seu respeito, por que continuaria permitida a mesma publicação, sem prévio consentimento, em jornal e em revista? Ambos com tiragens e repercussão muito mais imediatas e maiores que as do livro. Os vitoriosos da primeira prepotência por certo passariam ao ataque à contradição. E assim em diante, mudando-se apenas as levas de interessados. A democracia tem dois defeitos básicos, entre inúmeros outros: não é perfeita e não admite brechas. Nela, todo mau passo se multiplica em outros maiores. E jamais são precisos muitos: o precipício nunca é distante.”)
- Silvana Mascagna questiona: “Não era proibido proibir?” (Trechos: “Paula acredita, meus caros, que se corre o risco “de estimular o aparecimento de biografias sensacionalistas, em um país em que a reparação pelo dano moral é ridícula”. Então por que Paula e seu grupo não lutam, se unem e fazem lobby para fortalecer a Justiça brasileira? (…) Lembro-me da entrevista que fiz com Fernando Morais, quando este lançou “O Mago”, biografia de Paulo Coelho. Ele me contou ter ficado em dúvida sobre publicar ou não trechos polêmicos como o que o escritor induz uma namorada ao suicídio, as internações no hospício, seu envolvimento com drogas e o pacto que ele fez com o diabo. Mas os conflitos éticos de Morais cessaram quando ele chegou à conclusão de que não tinha por que submeter o público a uma censura que Paulo Coelho não tinha imposto a ele. O resultado é uma das melhores biografias já publicadas no país. Se o Procure Saber sair-se vitorioso mais uma vez, o que teremos é o fim das biografias, porque autores se dizem desmotivados a dedicar anos e anos de pesquisa para, ao fim de tudo, ser impedidos de publicar seus livros. Ou pior, só teremos biografias chapa-branca. Quem perde com isso? Todos os brasileiros, mas, em particular, aqueles que acreditaram que Chico, Caetano, Gil e Milton falavam a verdade, lá atrás. Não falavam.”)
- Reportagem de “Época” faz a mesma pergunta que Silvana. O texto é bastante editorializado, escrito não por acaso pelo editor de livros da revista, Danilo Venticinque, com termos fortes e resultado muito bom.
- Danilo Venticinque, em artigo à parte, se pergunta que diferença faria se nunca fosse escrita uma biografia de Caetano Veloso.
- Biógrafo (censurado) de Roberto Carlos é bastante didático ao lembrar que Jorge Ben já foi acionado na Justiça, na década de 70, por “Fio Maravilha”, que ele homenageou em música. E como o Procure Saber tenta resgatar o que seria a Lei Fio Maravilha.
- Murilo Rocha faz sua reflexão
- Michele Borges da Costa dá asas à imaginação (“Não é preciso muita imaginação para entender o estrago de se viver em um paraíso das biografias autorizadas, que só se tornam públicas depois de o sujeito que dá título ou sua família ou seu advogado ler, cortar, acrescentar e aprovar. (…) Hitler seria conhecido por seu gosto apurado para a música clássica e pela ideia forte de nação e de pertencimento. Bruno como um goleiro talentoso, irresistível e que teve uma aposentadoria precoce por problemas pessoais. Tudo bem limpinho.”)
- O exercício proposto por Helio Schwartsman
- Ruy Castro defende liberdade de biografias
- Laurentino Gomes também
- Ministro da Justiça concorda que é censura
- Pedro Alexandre Sanches faz uma reflexão-resumo da coisa toda
- Suzana Singer procura todos os músicos contra biografias livres, mas eles se calam
- Outros músicos se posicionam a favor das biografias livres
- Meu pai faz sua reflexão
- Ana Paula Pedrosa faz sua reflexão
- Caetano sai da toca e, no meio de sua coluna, confirma que já defendeu liberdade de biografar
- André Barcinski critica a coluna de Caetano
- Piauí Herald faz sua brincadeira: “Jesus exige autorização prévia para liberar Novo Testamento”
- Mais uma brincadeira: Leãozinho exige autorização para ser citado por Caetano
- Outra para nosso bom humor: página do Facebook cria biografia coletiva e livre de Caetano
- Não deixa de também ser humor: Caetano, Chico, Gil e os outros conseguiram um “excelente” deputado para defender sua tese da censura no Congresso, Jair Bolsonaro!
Outros posts de charges:
Adorei a seleção das charges, todas muito criativas. Ontem, no programa “Saia Justa” no GNT, Paula Lavigne protagonizou mais um patético capítulo nessa história das biografias. E Chico Buarque, que vexame…! Aliás, que coisa mais ridícula esse tal grupo “Procure Saber”.
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Sim, como eu disse, acho um jeito deplorável de encerrarem suas histórias de vida. Perdendo o respeito de muita gente. Não abro concessão nenhuma a quem defende a censura.
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Bom dia, Cristina. Muito bom (e deve ter sido trabalhoso) esse post! Ainda bem que, tirando os cinco ou seis “expoentes” do Procure Saber, a repulsa à censura foi geral. Um abração.
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Sim, felizmente eles não conseguiram a adesão com que contavam! Nem no Congresso e STF, inclusive. abraços
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Estou a procura de alguem que me faça uma charge
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