12 charges e 30 ótimos textos contra a censura às biografias

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10-06-2013

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Uma das piores consequências dessa pseudopolêmica de artistas defendendo a censura às biografias é que, a cada nova frase que eles soltam tentando desmentir tudo o que tinham defendido há não tantos anos atrás, mais tomo antipatia desses caras que, um dia, já admirei com fervor. E o mesmo acontece com multidões de fãs, que vão perdendo o respeito por essas figuras, indignados com declarações tão mesquinhas e reacionárias. Que jeito triste de encerrarem suas carreiras e vidas! Que feio, Chico, que feio Caetano, que feio Milton, que feio, Gil. Banana pra vocês! 😛

Pra quem não leu o post original sobre a tentativa de censura às biografias, CLIQUE AQUI.

E atualizo a recomendação de bons textos de análise e informação sobre a polêmica (vou acrescentando sempre que eu vir algum bom texto):

  1. Jânio de Freitas mostra o quanto é ridícula a tentativa do Procure Saber de se desassociar de tudo o que já falaram e, ao mesmo tempo, reforçar as mesmas defesas, com ajudinha de um teleprompter.
  2. A carta aberta de Benjamin Moser a Caetano Veloso
  3. O excelente relato pessoal de Mario Magalhães, que fez a biografia de Carlos Marighella e, embora ela tenha sido um estrondoso sucesso para os padrões brasileiros, praticamente o deixou falido, como costuma acontecer aos jornalistas que encaram largar uma Redação para se dedicarem a este trabalho ainda mais suado.
  4. A excelente carta que o mesmo Mario Magalhães escreve a Chico (“Biografias são reportagens, que constituem gênero do jornalismo. Pagar royalties a personagens descaracteriza biografias não autorizadas _você propõe mesmo dar uns caraminguás aos netos do Médici?”)
  5. Manifesto contra a censura às biografias, assinado por várias pessoas que admiro muito no jornalismo e na literatura
  6. Chico Buarque pego de calças curtíssimas
  7. Ricardo Kotscho comenta a mancada de Chico e espeta Paula Lavigne (“Paula não é artista nem se tem notícia de alguém que esteja interessado em escrever sua biografia. Trata-se apenas da ex-mulher e empresária de Caetano Veloso, que está vivendo seus 15 minutos de celebridade.”)
  8. Editor da Companhia das Letras fala sobre pagamento indevido e tentativa de censura movida pela família de Garrincha.
  9. Janio de Freitas fala do despenhadeiro que esses artistas estão querendo abrir para empurrar nossa frágil democracia (“Se consagrada a proibição não autorizada, em livro, do que uma celebridade julgue inconveniente a seu respeito, por que continuaria permitida a mesma publicação, sem prévio consentimento, em jornal e em revista? Ambos com tiragens e repercussão muito mais imediatas e maiores que as do livro. Os vitoriosos da primeira prepotência por certo passariam ao ataque à contradição. E assim em diante, mudando-se apenas as levas de interessados. A democracia tem dois defeitos básicos, entre inúmeros outros: não é perfeita e não admite brechas. Nela, todo mau passo se multiplica em outros maiores. E jamais são precisos muitos: o precipício nunca é distante.”)
  10. Silvana Mascagna questiona: “Não era proibido proibir?” (Trechos: “Paula acredita, meus caros, que se corre o risco “de estimular o aparecimento de biografias sensacionalistas, em um país em que a reparação pelo dano moral é ridícula”. Então por que Paula e seu grupo não lutam, se unem e fazem lobby para fortalecer a Justiça brasileira? (…) Lembro-me da entrevista que fiz com Fernando Morais, quando este lançou “O Mago”, biografia de Paulo Coelho. Ele me contou ter ficado em dúvida sobre publicar ou não trechos polêmicos como o que o escritor induz uma namorada ao suicídio, as internações no hospício, seu envolvimento com drogas e o pacto que ele fez com o diabo. Mas os conflitos éticos de Morais cessaram quando ele chegou à conclusão de que não tinha por que submeter o público a uma censura que Paulo Coelho não tinha imposto a ele. O resultado é uma das melhores biografias já publicadas no país. Se o Procure Saber sair-se vitorioso mais uma vez, o que teremos é o fim das biografias, porque autores se dizem desmotivados a dedicar anos e anos de pesquisa para, ao fim de tudo, ser impedidos de publicar seus livros. Ou pior, só teremos biografias chapa-branca. Quem perde com isso? Todos os brasileiros, mas, em particular, aqueles que acreditaram que Chico, Caetano, Gil e Milton falavam a verdade, lá atrás. Não falavam.”)
  11. Reportagem de “Época” faz a mesma pergunta que Silvana. O texto é bastante editorializado, escrito não por acaso pelo editor de livros da revista, Danilo Venticinque, com termos fortes e resultado muito bom.
  12. Danilo Venticinque, em artigo à parte, se pergunta que diferença faria se nunca fosse escrita uma biografia de Caetano Veloso.
  13. Biógrafo (censurado) de Roberto Carlos é bastante didático ao lembrar que Jorge Ben já foi acionado na Justiça, na década de 70, por “Fio Maravilha”, que ele homenageou em música. E como o Procure Saber tenta resgatar o que seria a Lei Fio Maravilha.
  14. Murilo Rocha faz sua reflexão
  15. Michele Borges da Costa dá asas à imaginação (“Não é preciso muita imaginação para entender o estrago de se viver em um paraíso das biografias autorizadas, que só se tornam públicas depois de o sujeito que dá título ou sua família ou seu advogado ler, cortar, acrescentar e aprovar. (…) Hitler seria conhecido por seu gosto apurado para a música clássica e pela ideia forte de nação e de pertencimento. Bruno como um goleiro talentoso, irresistível e que teve uma aposentadoria precoce por problemas pessoais. Tudo bem limpinho.”)
  16. O exercício proposto por Helio Schwartsman
  17. Ruy Castro defende liberdade de biografias
  18. Laurentino Gomes também
  19. Ministro da Justiça concorda que é censura
  20. Pedro Alexandre Sanches faz uma reflexão-resumo da coisa toda
  21. Suzana Singer procura todos os músicos contra biografias livres, mas eles se calam
  22. Outros músicos se posicionam a favor das biografias livres
  23. Meu pai faz sua reflexão
  24. Ana Paula Pedrosa faz sua reflexão
  25. Caetano sai da toca e, no meio de sua coluna, confirma que já defendeu liberdade de biografar
  26. André Barcinski critica a coluna de Caetano
  27. Piauí Herald faz sua brincadeira: “Jesus exige autorização prévia para liberar Novo Testamento”
  28. Mais uma brincadeira: Leãozinho exige autorização para ser citado por Caetano
  29. Outra para nosso bom humor: página do Facebook cria biografia coletiva e livre de Caetano
  30. Não deixa de também ser humor: Caetano, Chico, Gil e os outros conseguiram um “excelente” deputado para defender sua tese da censura no Congresso, Jair Bolsonaro!

Outros posts de charges:

Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1 e TV Globo, UOL, O Tempo etc), blogueira há 20 anos, amante dos livros, poeta, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Antirracista e antifascista.

5 comentários

  1. Adorei a seleção das charges, todas muito criativas. Ontem, no programa “Saia Justa” no GNT, Paula Lavigne protagonizou mais um patético capítulo nessa história das biografias. E Chico Buarque, que vexame…! Aliás, que coisa mais ridícula esse tal grupo “Procure Saber”.

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