Lendo uma reportagem que saiu na “Folha” deste domingo, lembrei de um tema que fazia tempo eu queria abordar aqui no blog.
O cigarro.
Talvez por ser de uma família de convictos não-fumantes (bom, uma irmã já teve a fase não muito convicta quando era adolescente), sempre detestei cigarro.
Lembro até hoje quando vi uma foto na revista “Veja”, em 1999, do Bryan Lee Curtis, 34, aparentemente saudável e, apenas DOIS MESES depois, morrendo com enfisema pulmonar. Me marcou absurdamente antes de eu entrar na fase da adolescência em que eu poderia querer começar a fumar, já que é a idade em que muitos começam. Por essas e outras, sou 100% a favor das imagens fortes nas embalagens de cigarro e em livros escolares. Elas podem não atingir o viciado de anos em cigarro, mas atingem em cheio as crianças e adolescentes, antes que pensem em começar a fumar.
O cheiro, os dentes amarelados, o aspecto acinzentado que os fumantes adquirem com o tempo. Quando uma pessoa fuma há muito tempo, consigo identificar à distância, só de bater o olho. A pele é mais enrugada, mais encovada, tem uma nuvem ao redor da pessoa. Mas esses são os que fumam há realmente muito tempo. Os outros estão apenas chegando lá.
Pra piorar, o cigarro faz um mal absurdo, inquestionável e sabido por todos, e seus supostos benefícios são questionáveis e facilmente substituíveis. Relaxa? Beleza, mas um passeio de dez minutos numa pracinha relaxa ainda mais. Faz companhia? O.K., mas tem um negócio chamado “ser humano” que também serve pra isso — sem contar os bichinhos de estimação, o radinho ligado, o MSN… Ajuda na concentração? So does uma noite bem dormida de sono ou uma xícara de café (reza a lenda).
Enfim, a razão pras pessoas continuarem fumando é uma só: o vício, causado por dependentes químicos encrustados naquele tubinho ridículo. E os viciados se tornam escravos daquela droga, a R$ 5 o maço.
Bueno, não estou falando nenhuma novidade. Mas parece que são essas não-novidades que formam o novo método moderninho de arrancar os fumantes do vício, de que trata a reportagem de duas páginas. E, dizem alguns, funciona. É possível ler AQUI e ver AQUI.
O que eu sei é que, independente do método (há remédios, adesivos, chicletes, seminários, orientações por telefone, terapia etc etc), a única forma de parar de fumar só tem um nome: FORÇA DE VONTADE.
Minha irmã adolescente deu na telha e parou de fumar muito antes de ficar viciada. Um colega de trabalho que fumava há anos também decidiu, do nada, cuidar melhor da saúde e cortar os maços. Parou no dia seguinte e, meses depois, nunca teve uma recaída. Um amigo agora também resolveu se livrar da praga do maço diário. Já está longe dele há duas semanas, sem recaídas, e não passou pelos prometidos horrores da síndrome de abstinência.
Aliás, todo o sucesso desse novo método, se entendi bem, é bater na tecla de que a síndrome de abstinência de nicotina não é tão ruim quanto se propala, do ponto de vista químico, mas fica psicologicamente difícil pelo tanto que o fumante pensa que vai ser doloroso.
Mas aí, se a vontade apertar, já existem formas de contornar o problema, como remédios devidamente receitados para isso. Mas a força de vontade permanece o ponto-chave…
Por isso, recomendo que façam como meu amigo fez, soltando a plenos pulmões (que se tornarão mais plenos depois de alguns meses ;)) o grito de despedida:
mto bom guria…é difícil a tarefa, mas é fundamental…tomar água e chupar gelo ajudam 😉
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Fica a dica para quem está querendo sair dessa vida 😉
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Cris, eu também me impressionei com essas fotos de Curtis. Muito antes delas, no começo da adolescência, eu me impressionava ouvindo meu pai – que fumava três maços de cigarros Continental por dia – tossindo ruidosamente de madrugada, ansioso por livrar o peito de algo que se agarrava nos pulmões e que, para mim, era uma coisa terrível que arrastava meu pai para a morte antes de ele completar meio século de vida. Prometia a mim mesmo que nunca fumaria. De fato, nunca acendi um cigarro, mas fumei o fumo dos outros em todo lugar em que ia, sobretudo nas redações de antigamente. Estranho, não me viciei fumando assim. E seu avô venceu o vício no momento em que um médico mostrou a ele os resultados dos exames nos pulmões e disse que se não parasse de fumar morreria em seis meses. Parou na hora e viveu mais dez anos. De certo modo, ele confirmou conhecida boutade de um famoso humorista norte-americano do século 19: “Parar de fumar é a coisa mais fácil, eu mesmo já parei mais de cem vezes.” Que o poeta do final de seu post tenha parado uma única vez.
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Pois é, se ele fumava 3 maços por dia (isso são 60 cigarros????) e parou tão facilmente, é porque a história que o povo do tal seminário conta não é mesmo mentira. Só não para quem não quer…
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Sim, 60 cigarros por dia, 21.900 por ano e 666.500 ao longo dos 35 anos em que fumou. Não levando em conta o que ele cedeu aos fumantes pidões e aos que ele próprio filou dos amigos (pois, conforme Nelson Rodrigues, mineiros são solidários no câncer).
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Ou uma média de 2,5 cigarros por hora. Mas, tirando umas 7h de sono, 3,5 cigarros por hora. O que dá um a cada 17 minutos, o dia inteiro, sem parar…
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Tem muita gente que para poupar tempo e fósforo, acende um cigarro no outro que acabou de fumar.
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:-S
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Fazem 05 anos que larguei, definitivamente!, essa praga chamada cigarro. E, ao contrário do que é divulgado, o cigarro aumenta muito o nível de ansiedade da pessoa. Esse negocio de que o cigarro acalma é falácia, propaganda enganosa. Bjs,Cris.
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Pois é, mais um malefício!
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Para alguém que ganhou a vida fazendo humor, a morte quis fazer suas gracinhas. Ivan Lessa, fundador do “Pasquim” e notável frasista, nunca fumou, a se acreditar numa das últimas frases dele – “Que desperdício nunca ter fumado em minha vida!” -, mas morreu de enfisema pulmonar e problemas cardíacos, doenças que afetam mais os fumantes. A frase está no último artigo que ele escreveu e que foi publicado no site da BBC Brasil, na sexta-feira, véspera de sua morte em Londres, aos 77 anos. Nesse artigo, ele enfrenta a morte sem perder a fidalguia. Não deixa de lamentar (“Pelo menos eu driblaria o câncer”), mas vê o lado bom da morte: “Pronto, agora não voto mais mesmo! Chegou!”, “Aí está: uma cura definitiva para a calvície”, “Enfim, ano bissexto nunca mais. Esses ficam para o Jaguar. O resto pro Ziraldo.”, “Custou, mas estou acima de qualquer lei que vocês bolarem aí.”, “Roncar, nunca mais. Nem eu nem ninguém ao meu lado.”Maioria silenciosa? Essa agora é comigo.” E conclui: “E assim, cada vez que um “frasista” passar por perto de mim, leve uma nossa: minha e de Millôr. Dois contra um a gente ganha mole.” Grande Ivan Lessa. Todos gostaríamos de morrer assim: lúcido e bem humorado até o fim. Leitores da Folha de S. Paulo podem ler o texto completo aqui: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/47951-ultima-coluna-fala-de-millor-e-da-morte.shtml
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Excelente! Se cada um tivesse um décimo do humor dele, o mundo seria um lugar melhor de se viver!
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enfisema nao mata tao rapido…isso foi cancer….
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Adorei teu texto! Lendo ele me encorajei a parar de fumar! Estou confiante!
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Meu nome é Ledi… Mas o e-mail tá nome do meu filho.
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Que bom, fico feliz demaisssss!!!!!! Mantenha a força de vontade!!!!!
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É verdade, com certeza a arma cecreta é a força de vontade. Pois quem fuma sabe o quanto é difícil dar esse primeiro passo , de começar a parar.
Me sinto muito infeliz por dizer que , é hoje não vou mais comprar cigarros, mais quando resta três no maço.sem que eu perceba já comprei outro é muito frustrante e doloroso esse ciclo .essa sensação de impotência e escravidão.fe um vício.
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É uma escravidão mesmo, né? Meu marido só conseguiu com ajuda daquelas pastilhas de nicotina.
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