Pequenas mulheres, grandes personalidades

Para pegar na locadora (ou ver na TV): ADORÁVEIS MULHERES (Little Women)

Nota 8

Domingão, preguiça absoluta, vontade de só ficar em casa, ligo o canal Universal Channel (um dos poucos — seis — que tenho no meu pacote de TV a cabo) e vejo que acabou de começar um filme.

O nome é péssimo: “Adoráveis Mulheres” (em inglês não é melhor: “Pequenas Mulheres”). Não dá a mínima vontade de ver. Mas logo percebo que aqueles dois jovenzinhos conversando, vestidos com roupas do século 19, são Winona Ryder e Christian Bale em 1994, e que o diálogo deles é muito bom.

Prossigo. E vou percebendo que tenho diante de mim uma dessas historinhas, meio fábulas, de que tanto gosto, sobre uma família muito forte, com cinco mulheres (o pai está na Guerra da Secessão, em batalha), que batem de frente com determinados tabus impostos desde aquele tempo (e absurdamente existentes até hoje, pleno século 21, como o tabu com que é visto uma mulher morar sozinha, mesmo com quase 30 anos de idade nas costas).

As cinco mulheres são as protagonistas da história, daí o título. Os homens são, nesse filme, meros acompanhantes. E são elas que, na maior das misérias, conseguem tocar a vida, mesmo diante de todos os pequenos e grandes dramas, como doenças, mortes, brigas e defesa de certos posicionamentos diante de uma sociedade não só machista mas também racista e em pé de guerra.

Enfim, o filme não tem um roteiro pretensioso, mas é bem defendido por grandes atores, que ali — à exceção de Susan Sarandon, já então um nome de grande peso — eram ainda iniciantes na carreira, mas já brilhantes. É o caso de Kirsten Dunst, que faz a caçula Amy, com seus 11 anos, e a torna uma das personagens de maior personalidade da trama.

Aliás, o bacana dessa história é justamente como passamos pelas duas horas de filme captando direitinho qual a personalidade de cada pessoa, como existem grandes diferenças entre aquelas irmãs e filhas e, ao mesmo tempo, como essas diferenças as unem. Como também sou de uma família de casa cheia, com muitos irmãos cheios de diferença em nossa união, me senti representada.

Fica a dica de filme para o próximo domingo de preguiça de vocês.

Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1 e TV Globo, UOL, O Tempo etc), blogueira há 20 anos, amante dos livros, poeta, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Antirracista e antifascista.

4 comentários

  1. Little women é um dos maiores clássicos da literatura americana e da língua inglesa, ainda que seja um livro “para mulheres”. Além disso, é um dos primeiros livros “feministas” e influenciou muitíssimo em sua época.

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      1. antigo, do século XIX, a autora chama louisa may alcoot. é romance, típico desses da época, mas que tem a novidade de toda a questão da mulher buscar um espaço seu e não querer ser só esposa. vale a leitura pelo retrato da época, por ser um romance bonitinho e pelas personagens múltiplas. e é claro, é um clássico. muito maior que o filme, pode ter certeza.

        tenho aqui, se um dia quiser emprestado.

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