Manual de guerra aos mineiros que acabaram de chegar a São Paulo

Locomoção

Lazer

Comida mineira (requer grana)

Gosta de blues e jazz e samba?

Fique esperto:

  • Nem pense em pedir uma pizza para o almoço de domingo, por exemplo. Em 99%, a entrega de pizzas é só depois das 18h.
  • Paulistano acha que “queijo minas” é o frescal sem gosto de nada. Saiba disso ao pedir um sanduíche com “queijo minas”. Pra comprar o seu queijo minas padrão, procure os mercados maiores.
  • Ande sempre com um guarda-chuva e casaco à mão: aqui é capaz de fazer todas as quatro estações do ano em um só dia, mesmo naquele dia mais insuspeito, de céu azulão sem nuvens.
  • O tempo mais típico, que não existe em lugar nenhum de Minas, é aquele de céu CINZA, sem um raio de sol, com cuspidelas de chuva caindo de vez em quando e um frio do cão. Por isso batizei São Paulo de Terra Cinza logo que cheguei. Não se abata!
  • Se quiser deixar um corinthiano puto, basta chamá-lo de ladrão ou fazer referências a isso.
  • Se quiser deixar um são-paulino puto, basta chamá-lo de bambi.
  • Se quiser deixar um palmeirense puto, basta chamá-lo de porco. Aparentemente eles não gostam do próprio mascote.
  • Tem que ficar do lado direito na escada rolante do metrô, deixando o esquerdo livre para os apressadinhos passarem. A propósito: todo mundo tem MUITA pressa!
  • Apesar disso, pegar fila para entrar em bar ou restaurante mais badaladim é quase natural. Prepare sua paciência.
  • Paulistano acha que não tem sotaque. Tem cinco, mas deixe que achem que não têm nenhum 😉
  • Não pode fumar em locais fechados, nem mesmo debaixo de toldos — embora muitos lugares façam vista grossa debaixo dos toldos. (Não que eu ligue a mínima para o sufoco dos fumantes.)
  • Prepare-se: a cerveja é quente e muito mais cara na maioria dos lugares. O melhor é comprar a sua própria e chamar os amigos para tomarem em temperatura mineira na sua casa.

Dicionário básico/tradutor

Lembrei de mais uma: casaco/agasalho = blusa (só blusa, sem o “de frio”).

Fiquem à vontade para acrescentar mais lembranças aí nos comentários! 😉

Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1 e TV Globo, UOL, O Tempo etc), blogueira há 20 anos, amante dos livros, poeta, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Antirracista e antifascista.

88 comentários

    1. Nossa, não tem nem comparação, né! Dias nublados são normais em lugares onde há chuva! Nessas fotos Minas continua linda, mesmo com céu com nuvens.
      Mas dias totalmente cinzas, sem um raio de sol, sem vc conseguir nem mesmo delinear as nuvens (como nessas belas fotos de Minas que vc mandou), com aquelas cuspidelas crônicas de chuva, tipo na foto que pus pra ilustrar o post, só aqui em São Paulo e na Londres do século 18! 😛

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  1. Aqui em Minas vcs usam o “tendi” no lugar do “ah, tá”; “garrado” no lugar de “preso, enroscado”.

    E têm ruas que fazem esquina entre si em mais de um ponto.

    []s,

    Roberto Takata

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      1. Arredar que conheço é: “não arredo daqui até conseguir o que preciso” (= “não saio daqui”); “ele não arreda o pé” (= “ele insiste”).

        []s,

        Roberto Takata

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      2. Em sampa já vi feijoada na quarta e no sábado! Fartura de feijão!
        E o caldinho de feijão mineiro é sempre com feijão preto, ou quase sempre. Acompanhado de torresmo, cebolinha, salsinha… Aqui só vem com pão (porque tudo vem com pão!).

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  2. Minhas colegas mineiras aqui do trabalho aprovaram e agradecem… e deram a dica: pra andar de carro, só com GPS 😛

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  3. Eu ri do “É cruzeirense? Só lamento!” kkkkk
    Há 40 anos o atlético não ganha um título do brasileirão
    e nunca ganhou nenhum título internacional.
    Vai cair para série B este ano novamente e ainda se
    enche de orgulho porque varias bixinhas se encontram.
    Coisa de patéticos mineiro mesmo! hehe

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  4. Eu que sou daqui não sei o que é esse Totó/Pebolim hahahaha
    Olha, tenho uma dica de um restaurante mineiro. Fica na rua Tabapuã e chama “Cantin de Minas” amo almoçar lá =D
    É bom e barato!
    Saudades de comentar por aqui Kikacris 🙂

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      1. hehehehe, peguei dois extremos, eu sou meio má com a Terra Cinza 😉
        Mas já vi muito céu azul aqui tb. Inclusive ontem amanheceu um dia cinza horroroso e ao meio-dia tava um solão e céu sem nuvens! =O

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      1. Isso aí não é o Pimbolin?
        Hahahahahaha faz anos que não jogo isso!
        É realmente, nessa terra faz todas as estações em um só dia… Hoje foi um dia desses!

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  5. Cris, muito bom, puuuuuuuta post, hehehehe. No quesito pizza, acrescento duas coisas:
    1- NUNCA peça ketchup e maionese pra comer com pizza. Vai ganhar um olhar de desprezo do garçom mesmo na pizzaria mais ralé da cidade.
    2- Não parta do princípio de que toda pizza tem queijo. A clássica de calabresa NÃO tem. “Como assim, é só massa, molho e recheio, sem queijo?” É, acredite.

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  6. Cris, você esqueceu do “então”. a gente começa tudo com “então”. carioca começa tudo com “olha só” (olha o que??). nunca notei nenhum ‘advérbio iniciador de frases’ do mineiro. tem algum?
    besitos, morri de rir.

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    1. Nossa, é mesmo!!! Tem uma amiga minha que é alucinada com um “então”. Fica no começo das frases, no meio, no fim, entre cada palavra!

      (Acho que mineiro começa tudo com “Nossa”, ou será que sou só eu? hehehe)

      😀

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      1. Tem o “aqui”, que nem sempre notamos que falamos, mas mineiro A-D-O-R-A começar uma frase com “aqui”! Só percebi depois que vim para a Terra Cinza!

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    2. Temos sim, o nosso é “aqui” (que quer dizer prest´tenção).
      Ah, eu tenho uma teoria que toda resposta que começa com “então…” é uma desculpa meio esfarrapada… – Você fez aquilo que combinamos??? – Então… (aí já penso, vixi, vai tentar me enrolar)

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  7. Lembrei de mais uma: saiba que você pode sofrer bullying por “comer” os pronomes. Tipo falar: “formei em 2004”, e não “ME formei em 2004”; “meu pai aposentou ano passado”, e não “SE aposentou”; “amanhã vou [ME] consultar com um médico ótimo”. Já ouvi, de uma amiga paulistana: “Qui bonitinhu, ela fala “consultar”! Fala de novo, fala?”
    E as pessoas podem não te entender quando você for falar a letra “E”.
    – Moro na rua tal, número tal, bloco É
    – Bloco quê?
    – Bloco É
    – Não entendi
    – É, de elefante!
    – Aaaah, bloco ÊÊÊ!

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    1. hehehe, essa do Ê eu aprendi logo no começo, ao soletrar os nomes dos entrevistados. Hoje em dia eu sempre falo Ê quando tou em São Paulo (mantenho o É em Minas, claro), pra me fazer entender logo 😀
      E hoje em dia coloco esse pronome em quase tudo, depois que a Ana puxou minha orelha umas mil vezes 😦 Acho que os mineiros devem me olhar torto rs

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  8. Cris, confesso que também sucumbi ao “Ê” pra ser compreendida. Mas só na rua, em casa e em MG continuo no “É”, juro, juro… Com os pronomes é meio a meio: tem hora que sai com, tem hora que sai sem. Mas ainda me soa meio pedante falar “eu ME formei em…”. Aliás, pensando bem eu deveria ter usado um exemplo fictício lá em cima. 2004, nossa, me senti velha agora 🙂

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  9. Ei Cris! Agora que entendo de Palmeiras, eu não acho que eles achem ruim serem chamados de porco não..! E porco não é o mascote do palmeiras; é um periquito! Porco foi a maneira que os corinthianos arrumaram pra se vingar de serem chamados de gambá pelos palmeirenses. Só que para implicar eles resolveram “adotar” o porco de mascote.

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  10. O “garrado”, mencionado em um comentário acima, foi um dos entraves para me adaptar a Belo Horizonte, vindo em 2005 de Alfenas.

    – E aí, vamos? Véi, to garrado!

    Pode significar:
    1) Está no trabalho até mais tarde e não vai.
    2) Sem dúvidas, vai.
    3) Está no trânsito e não vai chegar

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  11. Kkkkkkkkkkkkkkkk!!!!!!!!!!!!!!!
    Tenho passado por tudo isso.
    Tem mais uma que lembrei: Em Minas, mendigo. Em Sampa, “mindingo”!

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  12. Em Sampa, também, falam “Tetê” no lugar de “Dedêra” (mamadeira, mamar, até no peito falam tetê).. Achei superestranho no começo, pensei que estavam chamando meus peitos por apelido íntimo “Quer tetê, neném?”

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  13. Cris, arrasou no post!!!! Tudo certinho! Mas devo confessar que sempre falei os pronomes em Minas e só entendi o “véi” naquele dia na sua casa. Nem sabia que era gíria mineira! Achava super estranho quando aquele mineiro galosampense me chamava de véi quando conversávamos, mas na sua casa descobri que é normal!!!!
    Deve ser por causa de minha infância anormal, quando preferia ler livros, jornais e enciclopédias em vez de brincar de bonecas! =D

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  14. “Se quiser deixar um corinthiano puto, basta chamá-lo de ladrão ou fazer referências a isso”.

    Ou citar um certo time colombiano chamado TOLIMA em uma competição chamada LIBERTADORES, dois traumas na vida dos curintiano.

    E eu, há 11 anos me escondendo em Salvador, ainda solto uns termos tipicamente paulistanos. Quando AINDA uso “farol” ao invés de “sinaleira” ( semáforo por essas bandas)

    – Ô, colega, onde fica a rua Tal?
    – É fácil: é uma rua depois do farol, à direita.
    – Farol? Oxe, na Barra?

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  15. Tem mais: Em Sampa, pelo menos os meninos brincando na rua, todos, falam “o pipa” e não “a pipa”, esta forma correta que se fala em Minas.

    O balancinho do parque também é chamado em Sampa de “a balança”.

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    1. Você é de Sampa, Alexandre?
      Bom, por aqui, onde estou morando em SAmpa, incomoda-me muito ouvir as crianças falando que vão pegar “o pipa” e até os pais dizendo “o pipa isso, o pipa aquilo…” É sério! Todos falam. No parque, costumam dizer “vai na balança” ao invés de balanço… Quanto ao tetê, ganhei o meu filho aqui em Sampa e no hospital, mesmo depois, nos postos de saúde, todos só falam Tetê! Interessante essa diversidade dentro da própria cidade!! Abraços!

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  16. Cris, adorei seu post e tratei de esparramar , é mesmo muito engraçado essa “misturada” que tem por aqui.
    Eu mesmo me pego nessa mistura, sou alagoana (mas só fui nascer mesmo lá) mas cresci aqui em Sampa, desde alguns meses.
    Só percebo que tenho sotaque quando vou de férias para Alagoas, meus amigos riem sem parar com o “paulitanês” como eles dizem.
    E o mais engraçado é o namorado, que é um carioca, que foi criado no Ceará, (Babel total)

    E quanto ao “Curintía” tira nóis não mina, somos bandidos não, tudo família, kkkk
    Parabéns pelos post’s, leio sempre e adoro o livro “A vaga é sua”, seu com a Ana Estela, quando vão lançar os próximos?

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    1. Nossa mãe, isso é Babel total!!! Uma coisa boa de trabalhar em jornal é justamente esse convívio com gente de tudo quanto é lugar, né? Hoje sou amiga até de um acriano (essa nova ortografia é dura…), justo eu que achava que o Acre era uma lenda! 😉
      obrigada pela leitura, volte sempre! 😀
      beijão

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  17. Em giz de fora a gente falava “tampar uma pedra” ou seja, jogar uma pedra…

    Eduardo (32 em Campinas/SP)

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  18. Legal, Cris! Todo dia aprendo uma palavra ou significado novo. Hoje, por exemplo, aprendi que não existe a palavra “escaninho” no vocabulário paulistano (e não tem substituto!) e que “baranga” significa só mulher feia, e não mulher brega. E o masculino, “barango”, não existe. Vai entender…

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  19. Cris, hj lembrei uma q é importante pros homens no dicionário mineiro-paulista. No corte de cabelo, o q a gente chama de “pé” eles chamam de “quadradinho”. Anota aí!
    Bjs

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  20. Isso de terra cinza é lenda…estive em BH e o clima é bem parecido com o de SP….o clima em SP é cinza qdo é inverno…exatamente como em BH…fora isso o ceu é azul e muito bonito…essa lenda de cinza é como dizer que SP é uma selva de pedra…acontece que SP é a quinta capital mais arborizada do país…a frente de todas as capitais do norte/nordeste inclusive a frente do Rio…Outra lenda é falar sobre violencia, SP é a 2a capital menos violenta e mais segura do Brasil…enfim, muita lenda sobre SP e intriga da oposição…Vc como morador deveria ajudar a desfazer essas lendas e não reforça las.

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