O primeiro festival da Galeria do Rock

Na primeira vez que fui à Galeria do Rock, conhecê-la, em 2008, fiquei muito desapontada. O lugar estava completamente abarrotado de lojas ligadas ao hip hop, não ao rock. Nada contra, mas não era o que eu esperava da famosa galeria. Parecia a galeria da praça Sete de Beagá, que também mais promete que cumpre (embora eu tenha passado bons momentos lá, inclusive a compra do bilhete da passagem que me levaria ao show dos Stones, no Rio :)).

Pois bem, 19 anos depois que adotou a proposta de se tornar uma Galeria do Rock, houve ali ontem seu primeiro festival, de jazz e blues. A ideia é que, a partir de agora, ocorram muitos outros festivais, mais ou menos a cada dois meses. Que bom!

Esta primeira vez era fechada, com 500 convidados/sorteados, e fui para lá graças à lembrança do meu amigo Maurício Horta, que sabe como eu gosto de blues. Eles montaram o palco no quarto andar, com um prédio comercial ao fundo que, recebendo luzes formando símbolos de guitarra e outros, ficou sensacional. Aos fundos, um balcão vendia latinha de Itaipava a R$ 4 e long neck de Stella Artois ou Heinecken a R$ 8 (a latinha acabou no meio da festa).

Ao todo, foram seis apresentações. E talvez esse tenha sido o maior problema do evento, porque o deixou muito longo e com as primeiras bandas muito fracas, o que esvaziou um pouco o lugar lá pela metade.

As bandas foram escolhidas por Facebook. As duas primeiras, que não me lembro como chamavam, tocaram um blues de garagem, com guitarra meio suja e um aspecto todo amador.

Acho que a banda chama Expresso Santiago.

A terceira foi a apresentação da cantora Ana Paula Lopes, que tem uma ótima voz e estava acompanhada de uma boa banda de jazz, com teclado, contrabaixo e bateria. Mas achei a apresentação dela completamente deslocada, com versões melosas e lentíssimas de Billie Holiday, que provocaram comentários nervosos de parte do pessoal, que estava na expectativa por um show mais agitado. Foi um erro de repertório porque, como representante do jazz na noite, ela poderia ter escolhido outras músicas que caberiam melhor ali.

Ana Paula Lopes e banda.

Mas depois a noite só melhorou! Entrou a banda The Suman Brothers Band, que levantou o público com um blues bem do delta do Mississipi e com músicas mais rock’n’roll.

The Suman Brothers.

Depois, entrou o gaitista Daniel Granado, endorser da Hohner, com sua Blues Sessions, que tocou um funk-groovie animadíssimo.

Por fim, a Igor Prado Band, sempre ótima, anunciou a entrada do tecladista Donny Nichilo, que trabalha com Buddy Guy, e do filho de Muddy Waters, o figuraça Mud Morganfield.

Ele tem a voz muito parecida com a do pai, mas o melhor é sua aura de blues, todo o jeitão de bluesman trazido lá da Chicago dos anos 50, com sapatos de couro vermelho, vários anéis na mão direita e um extravagante terno vermelhíssimo. Entoou hinos como Hoochie Coochie Man, Baby Please Don’t Go, I am a Man, Got my Mojo Working e várias outras.

Grande bluesman! =)

Termino o post com três vídeos que fiz dele, cantando as mais clássicas. Agora é torcer para esse festival continuar, cada vez melhor!

[prometo acrescentar os outros aqui até amanhã ;)]

Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1 e TV Globo, UOL, O Tempo etc), blogueira há 20 anos, amante dos livros, poeta, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Antirracista e antifascista.

18 comentários

  1. Nossa, valeu muito esperar até as três últimas bandas. O guitarrista dos irmãos Suman estourou a 6ª corda na primeira canção, mas conseguiu segurar o show até o final sem que fizesse falta. O Daniel Granado foi tão virtuoso que quase ofuscou o Mud Morganfield. E o filho das águas barrentas fez mais que justiça ao DNA.

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  2. Cristina, muito legal o seu review do show!

    Fico feliz que tenha gostado. Os erros que você apontou (com razão), como a questão da cerveja e de uma certa lentidão para a entrada do Mud, certamente servirão de aprendizado para os próximos festivais.

    Gostei bastante do seu texto. Se tiver interesse em, de vez enquando, escrever algum artigo para o nosso site, será muito bem-vinda!

    Te encontramos nos próximos GR Fest!

    Rafael Ribeiro

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    1. Que bom, Rafael! Torço muito para que o festival dê certo e só melhore cada vez mais. Tem tudo a ver com a Galeria do Rock.
      Alguém da organização me disse lá que a ideia é que os outros shows sejam de estilos musicais diferentes (inclusive eletrônica!). Isso eu tb acho que pode ser um erro, porque vocês vão ter dificuldade de formar um público cativo. Talvez fosse melhor restringir os festivais ao rock e ao blues e ganhar cada vez mais apelo entre os fãs desses gêneros, até virar uma referência na cidade. Fica minha sugestão!
      bjos

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  3. Foi uma grande honra participar deste festival. O filho da lenda é um grande bluesman, e muito simpatico com todos, obrigado a todos que foram prestigiar essa noite de muito blues, parabéns aos músicos e organizadores e a Cristina Castro pelo blog, realmente muito interessante e bem escrito!!!

    Sucesso a todos;

    Daniel Granado

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  4. Adorei o Blog. O Festival com certeza poderia ter iniciado mais cedo e com menos bandas, pois isso espantou muita gente. Sobre bandas fracas e com som de banda de garagem discordo. Alí foi uma enorme fogueira, pois ninguem passou o som e acabou tocando de prima. Evidente que para quem tem mais experiencias acabou se dando bem com a situaçao,pois sabe lidar com isso. Fui passar o meu som no domingo e meu amp infelizmente naum funcionou e tive que tocar na raça mesmo, ligando o amp na hora e mandar bala. A banda que mais curti realmente foi a Suman Brothers e Blues Session, além de serem uma galera classe A. Teve inclusive uma banda do RJ que acabou terminando a gig e já perguntando em como sair do centro para pegar a Dutra..rsrsrs..Iriam retornar no mesmo dia. Isso realmente é a paixão pelo Blues. O que nos movimenta, no final das contas não há banda pior ou melhor, o que há é um monte de “loucos”que amam o Blues e fazem de tudo para mantê-lo vivo. Um forte abraço e que venha mais festivais como esse,mas naum em uma segunda-feira…rsrsrsrs

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  5. Incrível como são nossos caminhos , tive o grande prazer de conhecer o Ivan Marcio , na noite do evento , cara super gente boa e músico muito competente . Acho que por ser o primeiro festival alguns problemas acontecem , fazem parte do aprendizado , e Cristina obrigado pelos ” ilustres ” , vc também é !!!!

    abss

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