Plásticos

Ontem fui comprar um presente para uma amiga, em uma loja de Beagá. O atendente embrulhou direitinho num papel de presente e me estendeu o pacote. Lembrando do sol e que eu teria que ir carregando até lá em casa e que meus dedos suariam e eu ia acabar estragando o presente, fiz a pergunta básica: tem uma sacolinha?

– Não – foi a resposta simples em uníssono dos dois balconistas.

– Não? – Me surpeendi.

– É que agora é proibido, né…

Daí lembrei que meus pais me disseram que Beagá aprovou uma lei proibindo sacolas plásticas em todos os lugares, a menos que biodegradáveis. Diz a prefeitura que é a primeira lei do gênero aprovada em uma capital brasileira.

O pessoal está, realmente, tentando se adaptar. É sacolinha biodegradável no sacolão, caixas de papelão para levar as compras do supermercado, dedos suados carregando os embrulhinhos de presente da vida.

A boa notícia, resto do Brasil: o mundo não acabou por aqui. Resta ver o impacto dessa medida no bolso do povo, na receita do dono da fábrica de plástico biodegradável (teria ele doado para muitas campanhas políticas?) e, a longo prazo, no planeta.

Por Cristina Moreno de Castro (kikacastro)

Mineira de Beagá, jornalista (passagem por Folha de S.Paulo, g1 e TV Globo, UOL, O Tempo etc), blogueira há 20 anos, amante dos livros, poeta, cinéfila, blueseira, atleticana, politizada, otimista, aprendendo desde 2015 a ser a melhor mãe do mundo para o Luiz. Antirracista e antifascista.

22 comentários

  1. Cristina, deveriamos aproveitar a deixa e eliminar de vez todas as sacolinhas, biodegradáveis ou não. Antigamente – não é de seu tempo – existiam as sacolas de feira, alternativa aos chiques carrinhos de feira. Ainda hoje existem estas sacolas, confeccionadas em lona ou fios plásticos, que podem ser feitas em casa, são simples. Este é um modo de ajudar o meio-ambiente e não cair nas mãos de espertos fabricantes de biodegradáveis bem “informados”.
    Abraços.

    Curtir

      1. No cesto de lixo, revestido com jornal. Faz-se um cone, com duas ou três folhas de papel e o introduz no cesto. Depois é só colocar todos os pequenos volumes na lata de lixo e posto na rua, para a coleta, a ser feita pelos garis.
        Acho que é exequível.
        Abraços, Cristina.

        Curtir

    1. Problema do cone de jornal:
      1) Ninguém mais compra jornal impresso;
      2) Não retém líquidos.

      Terá que comprar saquinhos de lixo.

      A minha sugestão seria que se voltassem aos saquinhos de papel. Ok, alguns produtos resfriados não seria adequadamente transportados, mas o restante seco não daria problemas.

      []s,

      Roberto Takata

      Curtir

      1. Prezado Takata,
        Os degetos líquidos devem ser dispensados pela tubulação de água servida (esgoto). Quanto ao tradicional jornal de papel, ainda há muito leitor; segundo pesquisa futurológica realizada pela Cristina, os jornais tradicionais serão publicados até o ano de 2052, logo, teremos papel por muito tempo.
        Abraços.

        Curtir

  2. Oi Cris, fico feliz de saber que esta lei está funcionando em BH. Aqui no Canadá a campanha pela eliminação da sacola plástica é grande. A maioria das pessoas usam sacolas de pano, que levam quando vão às compras, e existem lugares que cobram pela sacola plástica.
    Bjs.
    Ju

    Curtir

      1. Li na Folha que serão 19 centavos.

        Mas me pergunto se não venderão aqueles pacotes de 50, 100 ou mais sacos, nos diversos volumes, a um preço acessível…

        Tinha esse número em mente quando fiz a pergunta. R$ 19 para 100 saquinho de banheiro não dá.

        Curtir

    1. Ainda, por hábito, uso os saquinhos plásticos que vão ser substituídos, pois acabo usando para os cestos de lixo pequenos de casa (banheiro e cozinha). Muitas vezes vou ao supermercado perto de casa e acabo esquecendo de levar as sacolas. Algumas vezes que estou com mochila nas costas, acabo usando.

      Como vão começar a cobrar, acho que isso mudará meu mau hábito, como ocorreu em 2004, quando vivi um tempo na Itália. Lá as sacolinhas plásticas eram cobradas. Não sei se biodegradáveis como as que usarão em São Paulo, mas lembro que eram bem grossas e grandes. Como pesava no meu bolso, acabava lembrando de levar sacolas de casa. Acho que isso acabará ocorrendo novamente.

      Sobre o uso de jornal sugerido pelo José Alcântara, não sei se é viável para todos. Não leio jornal impresso (também estou contribuindo com o meio ambiente : P), só online ou no ebook reader, então vou ter que continuar comprando saquinhos de plástico baratos.

      Será que vão vender os biodegradáveis a um preço competitivo com os tradicionais?

      Curtir

      1. 19 centavos é o quanto custa a sacola plástica biodegradável de supermercado (já comprei duas).

        Pra lixo ainda não vi o preço.

        []s,

        Roberto Takata

        Curtir

Deixar um comentário